Nesta viagem de sonho com Jorge Curval descobrimos com olhares deslumbrados a capacidade de expressão emocional do artista e apercebemo-nos das fascinantes descobertas sobre si num movimento projetivo profundo e doloroso, em condensações de elementos alicerçantes do seu psiquismo onde o círculo toma o lugar de centralidade simbólica: surpreendente e inesperado.
Parte dum olhar perscrutador duma Íris caleidoscópica carregada de luz e de reverie, que distancia e ao mesmo tempo atrai, numa inquietude pulsional de natureza sexual evidente, manifestando o desejo de troca e comunicação de olhares ('olha para mim...') com sentimentos etéreos de inexistência psíquica. E neste impacto estético-emocional na sua, e na nossa atualidade sub-depressiva, pressente- se de um erotismo denso, agressivo e suave, ou apenas apaixonado pelo provocar defendido mas não clivado no outro. Sentimo-nos invadidos pela interioridade dos movimentos inconscientes expressos, numa voracidade irrequieta e com
... uma subtileza técnica cuidada, a partir do conhecimento reflexivo internalizado das experiências prévias e do sentimento projetado de longos caminhos de introspeção refletidos em evolução. A mão de Jorge Curval que ora acaricia ora agride o interlocutor.
E como um passageiro dos seus próprios sonhos ou de si, projeta angústias precoces no círculo terra-mãe, com o negro arcaico, angustiante e atrativo, por onde também passam os seus pesadelos, expressando a necessidade íntima de confirmação de objetos internos seguros e protetores. Para em seguida, procurar na profundidade securizante da terra-mãe espelhada e no 'oceânico azul' a matéria apaziguadora e maternal dos medos mais arcaicos: 'morte', isto é, o esquecimento... A reparação afetiva faz-se, através da recriação em arte de memórias afetivas das suas vivências infantis e não existem personagens neste percurso mas pressentem-se... no artista e nos processos de identificação do observador...
Os círculos formam-se, neste sentido, continentes de fragmentações de desvarios de exaustão física e mental, com fronteiras frágeis, pela possibilidade do desprazer destrutivo e ao mesmo tempo cumprindo a função elaboradora desta inquietante estranheza em Jorge Curval e possibilitando o conter da fuga ao abandónico fractante.
'Permite-se' daí evoluir num mecanismo inconsciente sem culpa, de sublimação estética, para cúpulas arquitetónicas carregadas de luminosidade crepuscular e de uma enorme força plástica que caracteriza o artista, como que continuando a busca de limites protetores focalizando o olhar no negro central infinito. Criando-nos ainda assim, a sensação de dúvida permanente e de inquietação na utilização entrópica de materiais dilacerantes do interno e do real num labirinto existencial. Viaja e viajamos para um mundo mítico-onírico de ilusões transcendentes e ilimitadas. A capacidade de transformar o sonho em arte.
A Arte de Jorge Curval procura entranhar-se sem esforço nem resistência inconsciente numa sucessão de interioridade pictória e num Insight tão doloroso quanto prazeroso que visa a plenitude duma espiritualidade consentida e integradora e com uma estética marcadamente deslumbrante. O círculo permanece e continua a encantar-nos na sua provocação de coreografia visual dos sonhos intangíveis do artista.
Deixemo-nos ficar no olhar e nesta vivência de sentimentos intensa num contraditório interno que se deseja interminável.
Entrada actualizada el el 26 may de 2016
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