Exposición en Lisboa, Portugal

WIP

Dónde:
Mute / Rua Cecílio de Sousa nº20 C / Lisboa, Portugal
Cuándo:
11 ene de 2018 - 23 feb de 2018
Inauguración:
11 ene de 2018
Organizada por:
Enlaces oficiales:
Web 
Descripción de la Exposición
WIP é acrónimo de work in process, trata-se de um conceito com origem na indústria, sendo especificamente utilizado pela gestão de cadeias de fornecimento de mercadorias. Este conceito refere-se aos produtos ainda em fase de produção, enquanto aguardam finalização para serem posteriormente distribuídos e comercializados. WIP pressupõe a necessidade de espaço para armazenamento do produto inacabado, implicando ainda o empate de capital que acarreta o risco do vencimento dos produtos antes da sua comercialização.[1] O vencimento da mercadoria antes da possibilidade da comercialização significa, pois, a permanência no seu estado de “não-valor-de-uso”[2] tanto para o fornecedor como para o comprador, inviabilizando o seu carácter social e o seu valor-total — uma unidade subjectiva largamente estab, cida pelas determinações sociais atribuídas à mercadoria e às quais podem ou não aliar-se o seu valor-de-uso, isto é, a sua adequação prática. Assim, desde o início da sua produção a mercadoria, ou o produto, revela-se ... como uma coisa ao mesmo tempo sensível e supra-sensível.[3] Este carácter místico da mercadoria evidencia-se, com bastante clareza, no caso das obras de arte: são “itens de colecionador”[4] cujo o valor é definido pelas operações reflexivas e pela proliferação dos discursos que, junto da comunidade dos seus espectadores, elas incitam. No momento em que determinados objectos são apresentados dentro do contexto da arte eles tornam-se então elegíveis não só para uma consideração estética, como também para a consideração sobre a sua funcionalidade enquanto arte.[5] Uma vez ultimado este processo de validação, por quanto mais tempo se mantêm estas operações, quanto tempo demora o seu valor a assentar sobre as relações do mercado? No universo de uma produção tão prolifera e mediatizada, como o da actualidade, qual poderá ser a efectiva permanência ou validade de uma obra de arte? Sublinhando o paralelismo entre o objecto artístico e a mercadoria comum, pela presente exposição, procura-se explorar a explícita conjugação entre a dimensão económica e cultural, onde a arte não só segue as regras do mundo mercantil e mediático como também reproduz, em certa medida, o seu modus operandi. Firmam-se, assim, como pontos de partida os conceitos de processo, desenvolvimento e tecnologia para uma reflexão relativa ao domínio do tecnocapitalismo e das indústrias culturais sobre a produção artística. Dentro deste contexto as propostas aqui apresentadas por Bárbara Bulhão, Fábio Colaço, Hugo Lami e Francisco Pinto dispensam formalismos, reconsideram o entendimento da obra como um artigo, evocando, uma vez mais, a expansão dos modos de fazer e entender o objecto de arte. Exploram-se a sequência de operações e ocorrências, a aleatoriedade, a transformação inadvertida e a perda da informação, o inacabado e os limites da matéria processada entre as múltiplas reconfigurações na criação de uma obra. Em Methylene blue,Bárbara Bulhão realiza um exercício sobre a ideia de processo como parte fundamental para formação física e conceptual da obra de arte, por meio da observação e anotação contínua das relações estabelecidas entre matéria, espaço e documentação. Pequenas formações regulares, de um composto de areia e Azul Metileno[6], dispõem-se em grelha sobre o chão. Por elas convida-se à observação da acção do tempo que é explicita no gradual desaparecimento do pigmento utilizado, na decadência da forma como também na sua anulação (um conjunto de ocorrências previstas, mas não necessariamente encadeadas por esta ordem). Uma segunda grelha, composta pelo registo fotográfico deste processo, constrói-se, espelha-se, progressivamente sobre a superfície da parede. Da íntima relação entre estes dois grupos resulta constatação da contínua reconfiguração da obra interpelando-se, ainda, a sua subversão enquanto produto acabado. A esfera da contaminação mediática é tomada por Fábio Colaço na sua vídeo-instalação The End of the World. Transmite-se uma irónica anunciação cataclísmica resultante do arranjo de várias representações do meteorito — esse designado agente do fim do mundo desde tempos tão remotos — e da sua sincronização aleatória com uma faixa de som composta por algumas datas anunciadas para o apocalipse. A obra desenvolve-se em torno das ideias de apropriação e ficção dessa informação imagética e sonora proveniente de um imaginário extensamente difundido e manipulado. Um prenúncio de ruptura e um sentimento de insustentabilidade é também abordado por Hugo Lami em City of Madness. A reflexão sobre os contínuos processos de artificialização da vida humana e da experiência da realidade expressa-se pela construção e reconstrução ad aeternum de um abrigo formado por lixo tecnológico — esses artefactos da modernidade. Evocam-se os conceitos de tecnologia, de mediação e interferência, de acumulação e de desperdício. Empilham-se produtos, manipulam-se estruturas, confina-se o espaço — convida-se espectador a um momento de recolhimento, de ponderação sobre a nossa relação com o mundo ditada pela técnica, sobre a constante agencia humana na exploração e produção do seu ambiente. Por sua vez, Francisco Pinto procede a uma alusão directa à mercadoria comum e às estratégias de marketing para a promoção do produto. Em rect(random(1, 25), random(1, 25), 12, 12); mimetiza-se um sistema expositivo comercial, na sua brancura e regularidade — uma apresentação higienizada — à qual se alia um reverso tecnológico e caótico da mercadoria e do comércio massificado. A estas referências anexam-se a imprevisibilidade, a configuração e reconfiguração de resultados, a falha e o limite do aparato tecnológico, preconizado por um mecanismo de LegoTechnic e por um código aleatório que faz rodar sobre si próprias pequenas placas de plástico. Com a aguardada chegada ao público, esta exposição e as obras que a compõem libertam-se finalmente do seu estado WIP. Iniciam-se assim, as suas operações efectivas tal como a determinação do seu valor. Andreia César [1]Investopedia Academy, “Work in Process,” [Consult. 2017-12-20]. Disponível em [2] Marx, Karl, (2015), O Fetichismo da Mercadoria e o Seu Segredo, Antigona, p. 72 [3]op. cit., p. 37 [4]Kosuth, Joseph, (1969) Art After Philosophy, [Consult. 2017-01-08]. Disponível em:

 

 

Entrada actualizada el el 16 ene de 2018

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