POR DENTRO DA OBRA. A técnica da têmpera na obra de Vieira da Silva
Pela primeira vez o Museu articula ciência e arte numa exposição sobre a técnica da têmpera de ovo na obra de Maria Helena Vieira da Silva, técnica que a pintora usou durante um período muito extenso (1953-1992), o que mostra claramente o seu interesse por este medium.
A proposta para realizar uma investigação aprofundada sobre a técnica da têmpera chegou pela mão da Professora Agnès Le Gac, especialista em estratos pictóricos, que se propunha investigar a sua importância, dado constituir um quinto da produção total de Vieira da Silva (661 obras em 3486 registadas no catálogo raisonné da artista). Desta forma, em estreita articulação com o Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa, e numa colaboração com o Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, surgiu um projecto de investigação...interdisciplinar. Incluiu técnicas científicas de exame e análise, implementadas in situ em obras pintadas a têmpera e também em micro-amostras das tintas usadas, que permitem ao público ver “por dentro”, “por trás” e “além” do que é visível.
Esta exposição pretende contribuir para uma melhor compreensão da prática da têmpera, especialmente porque Vieira da Silva nunca referia ou analisava a sua técnica de pintar. Enquadrar esta técnica no devido contexto de trabalho da pintora engloba perceber quando a artista usou uma emulsão de ovo pela primeira vez; as razões desta escolha e finalmente da sua plena adopção; que diferenças apresenta a têmpera em relação às técnicas do guache ou da aguarela; se houve circunstâncias particulares em que Vieira usou a têmpera; o seu modo de aplicação; a contribuição desta técnica para o seu trabalho e o que sabemos, do ponto de vista material, sobre este medium específico utilizado durante quatro décadas (décadas essas em que Vieira já era plenamente reconhecida).
Pretende-se realçar de que modo as características e condicionantes da têmpera de ovo serviram as aspirações de Vieira da Silva, em prol do resultado estético que pretendia alcançar.
Propõe-se assim expor, além de pinturas a têmpera da colecção do Museu ou em depósito, um certo número de imagens e dados científicos acompanhados de textos, com o intuito de fornecer os elementos de contexto atrás referidos, de forma a torná-los compreensíveis para o público em geral.
Nesta mostra, que aposta numa outra forma de olhar para um processo criativo, procura-se trazer dados novos e complementares sobre aquela técnica tão peculiar, a que Maria Helena Vieira da Silva fielmente recorreu na sua fase de plena maturidade.
Entrada actualizada el el 15 ene de 2020
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