A nova exposição individual de Cassio Michalany (1949, São Paulo, SP), intitulada A linha pela ausência, será inaugurada no dia 25 de março, sábado, na Millan. A mostra sucede Cor-planar, realizada no mesmo espaço em 2019.
Na exposição, Michalany apresenta um conjunto de cerca de 20 obras. São pinturas com cores rebaixadas, feitas com tinta de uso industrial aplicadas sobre placas de madeira e organizadas em diferentes arranjos. As variações repetitivas, cuidadosas e sutis entre tons e tamanho das chapas, convidam o espectador à contemplação atenta, que ultrapassa o mero racionalismo da experimentação formal.
O curador, Giancarlo Hannud, destaca a consistência e coerência na produção de Michalany. Com mais de 50 anos de atuação, o artista já foi consagrado pela participação em importantes exposições, como a 19ª Bienal de São Paulo, em 1987, e os 17º e 19º Panoramas de Arte Brasileira, no MAM-SP, em 1986 e 1989, respectivamente. Michalany ainda integrou...Abstração: a realidade mediada (2022), curada por Rodrigo Naves, também na Millan.
A partir desta obra coesa, o que se destaca na seleção feita por Hannud é a presença da linha. Em vez de ser simulada pelo traço do pincel, ela aparece na obra do artista sempre por advento da própria materialidade: seja formada pelo espaço entre uma chapa de madeira e outra, seja pela inserção de filetes brancos de madeira entre dois diferentes campos de cor. “A linha suspirada, surgida do encontro de placas policromadas, é a chave da delicadeza de sua produção, e é na repetição do espaço mínimo existente entre placas, placas e filetes, ou telas, que reside o anúncio da ossatura do seu fazer. É pelo que está ausente e em derredor que seus trabalhos se tornam irresistíveis em suas variações”, escreve Hannud no texto curatorial.
Além das produções mais recentes de Cassio Michalany, que são inéditas, a exposição traz três desenhos de uma década atrás. O conjunto exposto é exemplo da consistência e atualidade da obra do artista e apontam para a potência sensível da experiência entre o espectador e a arte abstrata.
Cassio Michalany iniciou sua trajetória artística no final dos anos 1960. Formado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) em 1973, Michalany desenvolve desenhos, pinturas e relevos que exploram questões essencialmente pictóricas: cor, luminosidade, matéria, geometria e espaço. Em suas pinturas, a forma serializada é construída pela cor e o artista explora como as variações cromáticas mais sutis são capazes de reorganizar toda a estrutura pictórica e perceptiva.
Giancarlo Hannud é historiador da arte e curador. Estudou artes plásticas na Slade School of Fine Art, UCL, em Londres, e é mestre pelo Warburg Institute – School of Advanced Study. Hannud foi curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 2010 e 2015, professor de História da Arte da Faculdade Santa Marcelina entre 2014 e 2017 e diretor do Museu Lasar Segall de 2018 a 2020.
Entrada actualizada el el 14 abr de 2023
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