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Atravessar uma ponte em chamas

Exposición / Museu de Arte Contemporânea MAC/CCB / Praça do Império / Lisboa, Portugal
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Cuándo:
28 oct de 2023 - 10 mar de 2024

Inauguración:
28 oct de 2023

Organizada por:
MAC/CCB - Museu de Arte Contemporânea

Artistas participantes:
Berlinde De Bruyckere

ENLACES OFICIALES
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Etiquetas
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Descripción de la Exposición

Atravessar uma ponte em chamas, título da exposição temporária de Berlinde De Bruyckere que inaugura o Museu de Arte Contemporânea/CCB, foi retirado de um conto do escritor chileno Roberto Bolaño. Imagem poderosa e sugestiva do risco da passagem de uma margem a outra, é também simbólica da atração pelo outro e do medo do outro, da transformação e da metamorfose, e do trauma que qualquer processo de migração implica. Berlinde De Bruyckere tem vindo a desenvolver trabalho no campo da escultura, do desenho, da colagem e da instalação em torno das grandes temáticas da arte: a morte, a redenção, o sexo, a dor e a memória. Inspirada na figura intermediária do anjo, esta exposição propõe uma reflexão sobre a relação com o outro, seja como transcendência, como fisicalidade do toque ou como projeção pessoal. Na sequência das salas da exposição, a artista explora estes temas em obras de diferentes momentos do seu trabalho, olhando para a sua potência erótica e a sua ambiguidade. Ancorada na história da arte — nomeadamente na pintura renascentista —, a obra de Berlinde De Bruyckere liga arquétipos existentes a novas narrativas, redescobrindo temáticas, obsessões ou recorrências do mundo das imagens que povoam a nossa memória coletiva. Para a concretização desse diálogo entre tempos históricos, o Museu Nacional de Arte Antiga cedeu a pintura de Lucas Cranach Salomé com a cabeça de São João Batista, 1510, que confronta a obra Infinitum II, 2017–2019. Continuando este diálogo, a exposição inclui também um polo no Museu Nacional de Arte Antiga, onde será instalada a obra Liggende — Arcangelo I, 2023, apresentada na sala dedicada a Francisco de Zurbarán (1598–1664), pintor barroco espanhol cuja obra é referência recorrente para a artista. A escultura, representando um anjo caído (portanto, uma entidade que passou da transcendência à imanência), sendo apresentada no contexto do diálogo com o misticismo da pintura de Zurbarán (presente nos retratos que se tentam libertar da mundanidade terrena), realiza, mais uma vez, o mesmo circuito ambíguo e de vaivém que a exposição propõe. A obra possui, ainda, um outro aspeto importante: as suas dimensões reproduzem as do túmulo de Vasco da Gama no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. Cada sala da exposição convoca diferentes imagéticas, embora em todas — à exceção da última sala — a questão da dualidade de género e a ponte entre imagens do masculino, do feminino ou do indiferenciado seja permanentemente atravessada. Na primeira sala, os Arcangelos (imagens do intermediário) encontram-se justapostos às colagens e obras de parede da série It almost seemed a lily que explora a temática do desejo e da sublimação; na segunda sala, a escultura Palindroom, 2019, de aparência fálica mas natureza feminina, enfrenta um conjunto de esculturas de parede feitas de couro e cera denominadas Met Tere Huid, 2014, poderosas evocações de formas vulvares; e, na terceira sala, esculturas verticais com aparência de escudos intituladas Penthesilea (a rainha amazona morta por Aquiles), ostentam moldes de cera de peles de animais que, abertas e drapeadas, como que remetendo para a pintura de Piero della Francesca, Madonna del parto, 1460, mais uma vez transformam o frágil sexo feminino numa imagem de poder. Todas as situações convocadas são, portanto, dúplices e contraditórias, permanentemente atravessando os territórios do género e da sua imagética. O caso da obra Palindroom é particularmente significativo: um palíndromo é uma palavra, ou um texto, que pode ser lido na sua ordem normal, bem como do fim para o princípio. A escultura assim denominada mimetiza um modelo utilizado para a reprodução de cavalos. Embora a sua configuração evoque um pénis, a sua função é precisamente a contrária, a de ser penetrado. De uma forma complexa, trata-se de um palíndromo entre o interior e o exterior, um objeto quase hermafrodita na simbologia que convoca. A última sala da exposição apresenta a instalação ALETHEIA (on-vergeten), 2019, palavra grega que significa desvelamento, ou o que não está oculto. O espectador pode deambular entre os depósitos de peles de animais moldadas em cera e acumuladas em paletes, alegoria das inúmeras camadas de sentidos e possíveis interpretações que reverberam nas várias situações que a exposição propõe. Por ocasião desta exposição, serão também apresentadas duas performances do bailarino e ator português Romeu Runa, que há longos anos colabora com Berlinde De Bruyckere. As performances Romeu ‘my deer’ e Sybille relacionam-se diretamente com o trabalho da artista e são o resultado da estreita colaboração entre ambos.


Entrada actualizada el el 24 oct de 2023

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