Centenário de Mário Cesariny na (sua) Casa da Liberdade e na Perve Galeria
A 9 de agosto, dia em que se assinala o centenário de nascimento de Mário Cesariny de Vasconcelos (1923-2006), a (sua) Casa da Liberdade e a Perve Galeria, em Alfama, inauguram, pelas 18h, duas exposições que celebram a extraordinária vida e o profundo legado daquele que é uma das personalidades maiores das artes e da poesia em Portugal.
Pela caligrafia e voz própria do autor, “Primeira Pessoa”, na Casa da Liberdade - Mário Cesariny, apresenta um notável conjunto de documentos inéditos provenientes dos vários espólios que a instituição alberga. Entre correspondência, fotografias, poemas e obras visuais de Cesariny, destaca-se, a título de exemplo, a correspondência com a escultora e poeta surrealista Isabel Meyrelles, ou aquela trocada com Yoko Ono, onde a artista lhe encomenda uma obra para homenagear John Lennon no Central Park, em Nova Iorque, obra essa também...patente na exposição.
Na Perve Galeria destacam-se as relações profícuas estabelecidas entre Cesariny “… e os seus contemporâneos”, sublinhando, entre outros aspetos, as suas colaborações com surrealistas portugueses e internacionais, e a sua relação crítica, assertiva, com alguma da tradição nacional. Revelando o impacto do autor, e do Surrealismo Português, não só em Portugal como no contexto mais vasto do mundo, também no da Lusofonia, a mostra é pontuada pela obra de artistas africanos que denota afinidades com a produção artística de Cesariny, como a de Ernesto Shikhani, Inácio Matsinhe, Malangatana Ngwenya, Manuel Figueira e Reinata Sadimba. Nesta exposição são apresentadas também obras que homenageiam Mário Cesariny, realizadas ao longo das últimas décadas por vários artistas que as legaram para integração na Coleção Lusofonias - estando atualmente a decorrer uma exposição dessa coleção nas instalações do Ispa – Instituto Universitário, junto a Santa Apolónia, até 25 de agosto (+informação em www.pervegaleria.eu).
Pelas duas mostras, através da apresentação de centenas de materiais inéditos numa instalação concebida pelo curador Carlos Cabral Nunes, que certamente permitirá múltiplas e diversas revelações, afirma-se a proposta permanente de revolução poética, plástica e social de Cesariny, cujos ecos ainda hoje se encontram em muitas das manifestações artísticas e sociais contemporâneas, provando assim a perenidade do seu legado.
O público poderá levar consigo cópias numeradas do amplo espólio documental em exposição, bem como deixar notas e mensagens, completando assim esta homenagem, que se quer viva, com interação própria e fundamentalmente livre, como o foi Mário Cesariny.
“Primeira Pessoa” e “... e os seus contemporâneos” estarão patentes até 26 de novembro, dia em que se assinalam 17 anos volvidos sobre a morte de Mário Cesariny.
Entrada actualizada el el 08 ago de 2023
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