Explorando caminhos que cruzam o desenho, a escultura, a instalação, a fotografia, o vídeo e a intervenção site-specific, Cristina Ataíde desenvolve o seu trabalho ininterruptamente há mais de três décadas. A sua produção revela uma sede de experimentação e um fascínio pela descoberta que, entre outros, se ancora no impulso da viagem, na procura por outros sistemas de pensamento e numa busca pela expressão da matéria. Deste modo, é frequente perceber que as obras surgem associadas à experiência de diferentes locais e momentos, assim como à vivência de uma espiritualidade partilhada com as entidades com que a artista se cruza.
A exposição Dar corpo ao vazio apresenta um conjunto de obras que abarcam vários períodos e meios de produção, encadeando-se entre si sem adotar um olhar cronológico ou retrospetivo. Dando-se a ver como uma teia de relações que cruza referências transversais à produção da artista, a exposição enuncia a ligação do...indivíduo ao meio (num diálogo entre a geografia e a cultura), a conexão da viagem com o conhecimento (articulando a descoberta e a identidade) e a relação entre o espírito e a matéria (especulando sobre a graduação de vários estados de existência).
Entre a densidade e a diluição, cria-se um percurso que funciona por ecos e impulsos, onde a atenção evolui de um lugar alto e compacto para um sítio baixo e fluido; um percurso que só se ativa quando, por via das obras, despertamos para uma sincronia da perceção: onde a experiência é atenta, mas não se fixa, demora ou cristaliza.
Sérgio Fazenda Rodrigues, curador da exposição
Entrada actualizada el el 06 may de 2021
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