“Atmosférica” é a propriedade daquilo que é gasoso ou que exprime a noção de vapor. Nos últimos meses, em que a pandemia agudizou o nosso estado de alerta sobre o mundo, Virgínia Mota (Matosinhos, 1976) abriu cadernos, pintou imagens e disponibilizou os conteúdos das páginas na sua conta de Instagram. Diariamente, fomos vendo a emergência de mundos e de modos de ver mundos, através das imagens coloridas e redondas. Montanhas, rios, vegetações, nuvens, chuva, mar… uma infinita conjugação de verbos, rememorações e afetos. No museu, a experiência das imagens toma a forma de um diário distribuído no plano horizontal das prateleiras, acentuando um continuum entre o tempo da exposição e o da experiência. Desviar a atenção para a atmosfera, para as nuvens e para o gasoso estado das coisas do mundo é, na verdade, uma espécie de pedagogia onde a interpretação cede lugar à atividade indisciplinada do devaneio e da deambulação.
Entrada actualizada el el 27 sep de 2021
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