Descripción de la Exposición
Em busca do tempo roubado.
Secularmente a passagem do dia foi medida pelo lento deslocamento dos astros. Hoje, a interface do mundo clareia e anoitece regida pela modulação do brilho das telas, simbolizado por um pequeno sol nos aparelhos de celular. Em um estranho paradoxo, temos o dia disposto na palma da mão enquanto a experiência do seu desdobrar escorre entre os dedos.
Com 43 artistas, “Em busca do tempo roubado”* se dedica a abordar formas de temporalidade ao revés do mundo 24/7 - aquele no qual nos distanciamos da realidade sensível na medida em que habitamos, grande parte das horas, zonas digitais cujas telas, sempre lisas e limpas, simulam uma temporalidade para a qual as marcas do tempo nunca chegam. Ou ainda, aquele que se descortina diariamente a partir de dinâmicas ininterruptas de estímulos que findam por nos fazer reféns de uma constante atenção distraída.
Os três núcleos que compõem a exposição se apresentam como capítulos de uma pedagogia do tempo.
O “Herói como garrafa” propõe um deslocamento da centralidade do imaginário heroico ao privilegiar o ordinário. Dessa forma, destacam-se objetos prosaicos e temporalidades sutis. Em “Frequências dos hábitos” recordamos que na repetição dos gestos mais banais – escovar os dentes, teclar o celular, cortar uma fruta – podem habitar desvios inauditos. Já em “A pele do tempo”, o tempo se revela por sua densidade, menos como medida homogênea cronometrada e antes como matéria sensível. E se a pedra fosse uma metáfora para o relógio? Como mediríamos as horas? Tal pergunta parece sugerir a existência de fusos horários próprios a cada matéria, desobedientes às cronologias já catalogadas.
* Homônimo a texto de Guilherme Wisnik (2019), cujo debate interessa ao argumento desta exposição.
Com curadoria de Luisa Duarte, a mostra abre 26 de abril.
----------------------------------------------------------------------------
In Search of Stolen Time
For centuries, the passage of time was marked by the slow movement of celestial bodies. Today, the world’s interface brightens and darkens according to the modulation of screen brightness — symbolized by a small sun on our mobile devices. In a strange paradox, we hold the day in the palm of our hand, even as the experience of its unfolding slips through our fingers.
Featuring 43 artists, “In Search of Stolen Time” is dedicated to exploring different forms of temporality, in contrast to the 24/7 world—a world in which we drift away from the tangible, sensitive reality as we spend most of our hours in digital zones, where ever-smooth, pristine screens simulate a temporality untouched by the marks of time. It is also a world shaped by an uninterrupted flow of stimuli, ultimately making us captives of a constant, distracted attention.
The exhibition unfolds in three parts, each conceived as a chapter in a pedagogy of time.
“The Hero as Bottle” proposes a shift away from heroic imaginaries, placing value on the ordinary. In this way, prosaic objects and subtle temporalities are brought to the fore. “Frequencies of Habit” reminds us that in the repetition of the most banal gestures—brushing teeth, typing on a phone, slicing fruit—unforeseen detours can emerge. Meanwhile, in “The Skin of Time,” time reveals itself through density, less as a homogeneous, measurable unit, and more as a sensitive material. What if stone were a metaphor for the clock? How would we tell time? Such a question seems to suggest that each material might possess its own time zones, disobedient to already-catalogued chronologies.
The exhibition borrows its title from a 2019 text by Guilherme Wisnik, whose reflections resonate with the themes explored here.
Curated by Luisa Duarte, the exhibition opens on Saturday, April 26.
Exposición. 30 abr de 2025 - 14 sep de 2025 / Varios espacios de Madrid y otras ciudades españolas / Madrid, España
Formación. 08 may de 2025 - 17 may de 2025 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España