Exposición en Lisboa, Portugal

Figures and grounds (Fadiga & Lassidão)

Dónde:
Módulo - Centro Difusor de Arte / Calçada Dos Mestres 34 A/b / Lisboa, Portugal
Cuándo:
05 oct de 2013 - 05 nov de 2013
Inauguración:
05 oct de 2013
Artistas participantes:
Descripción de la Exposición

'O título da exposição é um acto falhado, começo por dizer. A palavra inglesa Figures impressa no título deve ser entendida no contexto das artes plásticas, significando forma, desenho e representação, mas também figurino, figura em pose, figura humana pintada ou desenhada, modelo à escala de um objecto ou criatura singular. O falhanço reside no esforço patético de reforçar o visível através de expressões verbais que, na sua essência, não são igualmente mais que hipóteses de representação, nas quais as imagens são consideradas como substitutos viáveis para ver as coisas lembradas ou imaginadas pelas palavras. As imagens expostas são para levar para casa na memória, na melhor das hipóteses.

 

No plano bidimensional da razão, Grounds é o terreno da acção. Fadiga & Lassidão, são uma espécie de tempo poético propiciador dos objectos apresentados. Assim, Figures and Grounds (Fadiga & Lassidão), ... ganham sentido amplo sobre a possibilidade de um título mais romanceado, mais literário como tinha inicialmente previsto. A primeira parte do título, secundado por um subtítulo referido em surdina, confesso ser furtado de um artigo sobre Hendrick L. Berkley, pintor negro norte-americano contemporâneo. Mantive, por isso a língua original inglesa.

 

Os limites visíveis são os dos muitos caminhos possíveis, tal como a vida no planeta se multiplicou com a finalidade de o habitar. Assim, o tal engano entende-se, mas não se pode confundir o todo com as suas partes, ainda que sejam mais ou menos importantes. Para o todo, neste meu caso, concorrem a soma de apenas algumas das suas partes, das que me interessam.

 

A presente exposição traduz-se num 'novíssimo' conjunto de imagens. Submeto-me nela à Interpretatio Moderna de toda uma herança artística que dá forma a configurações mais ou menos canónicas. E digo isto, na medida em que as formas desta aventura passaram ao longo da história sem terem sido negligenciadas, até atingirem um reconhecido estado crítico em museus e catálogos luxuosamente encadernados e escritos, mas é também um lugar onde tudo poderá ainda estar ligado e indiferenciado.

 

A minha história faz-se de inúmeros pintores. Sobretudo das suas imagens, podendo, a partir delas, quase certamente escolher um caminho como se se tratasse da travessia de um rio por cima das pedras para atingir a outra margem.

 

No entanto, advirto que, este tipo de poesia, este tipo de representação, este tipo de arte, não faz apelo directo à história e, singularmente, aos recursos da própria história, na medida em que tem origem naquilo que não pertence à história, mas sim ao momento exactamente anterior à história cujo campo é o do domínio da literatura. Há uma história contada nestas imagens; há sim senhor, e tem título* sem estar escrita.

 

Ainda que entre outros pintores admire Poussin, a possibilidade de seguir uma linha de pintor-filósofo parece-me claramente distante. Em primeiro lugar, a minha limitada capacidade de reflexão sobre os temas clássicos e, depois, o talento que não tenho para ir tão longe. Utilizei, é certo, alguns dos elementos que podemos identificar em Poussin, tanto na composição, como na construção da imagem: a paisagem e a origem literária dos temas. Tenho em conta outras fontes, provavelmente mais próximas do meu tempo. O Manet, segundo a permanência da inconclusividade que se observa no seu Le déjeuner sur l'herbe, está para as minhas figuras, cujo grau de realismo é bastante aceitável de acordo com a minha mão que está sujeita a um tempo de trabalho fragmentado devido à profissão que exerço (confesso nunca ter tido coragem para passar fome), como estará uma condição referencial de excelência para outros. Como esteve o Poussin para o Balthus - ver o rosto do primeiro pintado no rochedo à esquerda, no belíssimo quadro do segundo, La Montagne (L'Été).

 

Hendrick L. Berckley é outra referência importante neste conjunto de trabalhos. As suas personagens negras vestidas de branco tornam-se visíveis variando o seu grau de realismo. Por exemplo, no quadro xxxxxxxxx à esquerda um homem moreno pálido que possui todo o charme de uma loja onde pousam manequins; à direita, a juventude andrógina usando um lenço desenrolado e óculos de coloridas lentes; e, claro, no centro do trabalho uma mulher, cujo nu adjacente duplica a possibilidade de visão de ambas, construindo uma imagem quase provocatória. Berkley e os seus amigos negros pintados vestidos de branco.

 

As pessoas que desenhei para esta série existem na realidade, têm nome e Cartão de Cidadão. Existem, também, nestes desenhos de acordo com uma segunda vida que desejei providenciar-lhes. Como se não contente com a minha tivesse utilizado aquilo que tenho ao meu alcance para projectar nos outros a necessidade absoluta da poesia, do profundo impacto que a poesia deveria ter na vida quotidiana. A ruptura que este aspecto pudesse implicar na vida diária.

 

Foi um Verão de poetas este que passou. De mudanças e estados de espírito contraditórios que me levaram a contar os dias em desenhos, a pensar em desenhos, a reflectir no limite físico do papel. Podia viver assim, sem trabalhar e a inventar preocupações que que realidade mal interessam ao mundo e que, de resto, nem o fazem andar mais depressa, nem resolvem o apuro social em que vivemos. Nem sempre estar longe é um acto de cobardia.

 

Reclamo para mim, correndo o risco danado de me não ligarem nenhuma, ou de pensarem os críticos de arte que lhes estou a roubar o trabalho, a intenção pintada das figuras do Berckley, um certo Hockney com ares de pintor amaneirado renascentista, o actor de teatro pintado pelo Manet, a Alice Neel, a Charley Toroop, entre outros, e são muitos acreditem; mas também o gesto seguro e reflectido para além da abstracção, não quero dizer que a abstração não seja reflectida, mas neste momento considero a arte de características abstractas coisa decorativa e ao serviço do ambiente visual.

 

Os desenhos que apresento nesta série necessitam de contemplação para que se tornem válidos. As exigências do tempo social que vivemos, e penso, muito sinceramente ter há muito perdido o comboio e viver fora dele em termos artísticos, implicam a realidade (não o realismo), mas a realidade como fonte segura de um referencial mesmo que criativo, acima dos estados e das excepções financeiras. Este é um tempo de bandeiras, do vermelho e do negro. Não pretendo, como certamente se pode observar, a realidade documental que me parece aborrecida, ainda que possa ter sentido em certos contextos artísticos. Gostaria com o correr dos dias de atingir um nível de exigência do olhar sobre a qualidade do instantâneo. E pergunto se ainda poderá a arte prolongar na memória um flash de surpresa provocado pelo instante, contra a imagem televisiva e de esquecimento imediato.

 

Sentia-me muito mais feliz se existisse um movimento de ideias claras e transparentes, coisa que ultrapassasse as pudicas fronteiras do ser e do tempo. Uma coisa baseada na diferença e na liberdade.

 

Ou há canone, ou não há arte!'

 

José Miguel Gervásio apresentou-se pela primeira vez no Módulo em 2010, mas tem já um curriculum apreciável de exposições individuais e colectivas. Recentemente expôs individualmente em Miontemor-o-Novo e nas duas últimas edições do Prémio Amadeo de Souza Cardoso.

 

 

 
Imágenes de la Exposición
José Miguel Gervásio

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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