A Tauromaquia foi um dos temas de eleição de Júlio Pomar num período decisivo da sua carreira - desde os primeiros Touros, em gravura e pintura, de 1959-60. E a ela por vezes regressou em obras ligadas ao imaginário ibérico (com Cervantes e Goya), que realizou até entrado o século seguinte.
Pomar continuou a tomar como motivação, e não só como “motivo” ou assunto, as figuras, cenas e actividades do universo do trabalho: pescadores, sargaceiros, a lota, a debulha, a pisa da uva, etc. A Tauromaquia, com os seus personagens e episódios (cavaleiro, picador, a pega, a colhida) e os seus actos sociais (a largada, a espera), faz parte desse universo popular e surge na mesma sequência de interesses. É trabalho, é festa do povo e é espectáculo.
O gesto, o signo, a explosão dos traços rápidos, urgentes e vibrantes, tomavam a dianteira no fazer material do quadro sobre o contorno nítido...da figura. Na obra pintada ou gravada é a aparição da forma, o momento em movimento, a imagem fugazmente vista, sempre instável, móvel, súbita, que mais importa, inscritos num espaço instabilizado, agitado, também vibrante. Aí a pintura é igualmente acção, a acontecer diante do observador.
A gestualidade exercitada pela mão do artista (expressionismo gestual, se se quiser dizer assim) corresponde por inteiro ao dinamismo dos actores - toureiro e touro. Uma mesma vertigem conjuga a tensão, a interacção das figuras, a velocidade da Corrida e o agir do pincel, o gesto tenso, veloz, fulgurante.
Entrada actualizada el el 31 jul de 2019
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