Nos últimos anos, Huertas Millán dedicou sua atenção ao desenvolvimento de uma série de filmes articulados como “ficções etnográficas”, gênero no qual a etnografia, por meio da imagem, conjuga diversas formas de observação, análise, representação e interpretação da realidade a fim de criar novas narrativas. La libertad [“A liberdade”], 2016, filme que se inscreve nesse registro, apresenta um retrato coletivo da família Navarro. Artesãos do tear de cintura na comunidade de Santo Tomás Jalieza, região mexicana de Oaxaca, os Navarro, como muitas outras famílias da localidade, são herdeiros e fiadores da preservação de uma técnica têxtil pré‑hispânica mesoamericana. A câmara conduz o espectador de maneira paciente, lenta e observadora, através da vida cotidiana, doméstica e laboral de cada um dos personagens. Os Navarro compartilham suas ideias sobre trabalho, casamento, dinheiro, e com frequência fazem referência à liberdade. O que é, o que representa, como se manifesta e de que forma...se alcança a liberdade nesta pequena comunidade de tecelões? Por meio de seus testemunhos, percebemos que não se trata de um conceito abstrato, e sim do resultado de um conjunto de decisões, atos e afetos, nos quais o trabalho manual e criativo tem papel fundamental. La libertad de Huertas Millán não pretende ilustrar ou traduzir, e sim explorar diversas possibilidades semânticas por meio de imagens e relatos que permitam criar novas formas de conhecimento e de representação da realidade.
Entrada actualizada el el 20 ene de 2021
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