LDPE (1)
LDPE é uma série de imagens de plataformas petrolíferas criadas a partir de um brinquedo dinamarquês (e conhecido por todos, nos países escandinavos, mas não só) chamado Hama (2). Com relação à estética de pixel art, este brinquedo ou puzzle é feito a partir de um tipo de plástico bastante comum em muitos outras aplicações (low-density polyethylene (LDPE)).
Como na série Fragments of Nature #2 (3), há um interesse na procura da relação entre o material e a sua fonte como que o que interessasse fosse a sua origem ou paradeiro. Num jogo de referências e analogias, eu devolvo o material ao seu ponto de partida. E vice-versa, porque a representação da plataforma petrolífera, neste caso é o congelamento temporal da extração da matéria primeira, pertencendo à primeira etapa de um longo percurso que se demora a fazer plástico.
Porque na minha prática artística, interessa-me perceber o intervalo entre a “coisa”...e a sua origem, senão através da linguagem ou outro meio de formalização de conhecimento. A “antiga” questão da apresentação e a sua representação.
Neste caso, através de um brinquedo que foi/é presente na maioria da infância do povo escandinavo, é possível chegar um pouco mais próximo à origem do material de que este brinquedo é feito.
Paisagem, outra vez, “um tema persistente e simultaneamente resistente. (...) entre muitas outras denominações que agregam obras executadas em diferentes meios e processos, com a manualidade presente em cada peça executada. No seu trabalho, a paisagem enquanto género de representação ultrapassa a sua genealogia histórica, residente na pintura e no desenho, e percorre o universo visual das imagens como fotografia, diapositivo, dactilografia, referência literária ou ainda através do uso de objectos com as mais diversas funções que recolhe ou adquire. Aquilo que faz com que este género seja, como referi, resistente é o facto de a sua metodologia de trabalho se pautar por uma sistematização dos objectos artísticos que produz e que, parecendo uma simples repetição de objectos semelhantes, é na realidade uma replicação de um processo que se constrói pelas diferenças visuais e qualitativas que esses mesmos objectos nos apresentam na forma, nos materiais de que são constituídos, e em muitos casos na presença da sua anterior função, nem sempre objectiva ou decifrável à primeira vista.” (4) Estas plataformas, interpretadas através de um brinquedo, têm a capacidade de explorar um universo menos atraente de um ponto de vista do ambiente. Há um sentido irónico neste ciclo de representações. Tanto pela escolha do referente como da sua representação.
(1) Low-density polyethylene, um dos plásticos mais utilisados.
(2) https://www.hama.dk/the-story-of-hama/
(3) Fragments of Nature #2, apresentados pela primeira vez no Módulo em 2016
(4) João Silvério, introdução à publicação “30 Pedras e Um Sopro”, Agosto de 2016
Entrada actualizada el el 21 nov de 2018
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