Exposición en Oporto, Porto, Portugal

L'étreinte du silence

Dónde:
Galeria Pedro Oliveira / Calçada de Monchique, 3 - 4050-393 Porto / Oporto, Porto, Portugal
Cuándo:
19 sep de 2023 - 28 oct de 2023
Inauguración:
16 sep de 2023 / 16 h.
Precio:
Entrada gratuita
Organizada por:
Artistas participantes:
Descripción de la Exposición
Julia Dupont is a Portuguese-descendant French artist, born in 1990 (Avon, France), who lives and works between France and Portugal. Master Photography and Contemporary Art, under the direction of Michelle Debat  and Arno Gisinger, University Paris 8, Vincennes-Saint-Denis, FR Julia Dupont has exhibited individually since 2019 in France and Portugal and in group in several countries such as France, Portugal, South Korea, China, and Belgium. Her photographic work focuses on architectural and landscape spaces, as material projections of an inner world. In her photographs, fragments of spaces crossed by time, she draws her sensations during prolonged contact with built forms, objects and their stories. A diffuse and persistent presence, like a leitmotif, returns among her images, of the light, which makes her images tend towards silence and abstraction. For her first solo exhibition, L` étreinte du silence, at Galeria Pedro Oliveira, she presents a set of photographs from the Deep Surfaces series, as well ... as a new polyptych. These works place us in the presence of luminous apparitions and apprehensions found in contemporary or ancient architectures, erudite or vernacular, and their metamorphosis under the incidence of the sun and its counterpart, the shadow. The exhibition will be accompanied by a text by French historian and art critic Marc Lenot. Exhibition integrated in the "Festival Mais FRANÇA / Institut Français" ------------------------------------------ Julia Dupont, O abraço do silêncio Na história da pintura há um certo de número de quadros, principalmente religiosos, que pretendem testemunhar uma revelação, uma aparição, geralmente contando uma história em imagem: os Peregrinos de Emaús que, entre dúvida e assombro, subitamente compreendem que o homem com quem caminharam é Cristo ressuscitado (em Rembrandt por exemplo), ou então Saúl no caminho de Damasco com a luz ofuscante que o envolve, submerge e fá-lo converter-se (em Murillo por exemplo). E há na literatura alguns exemplos, menos frequentes, dessa experiência, como Paul Claudel contando a sua espantosa conversão aos dezoito anos, nas vésperas de Natal, atrás de um pilar da Notre-Dame de Paris, uma “revelação inefável”, ou então, no domínio do profano, o êxtase sensual que se apodera de Stephen Dedalus no Retrato do artista quando jovem de James Joyce quando vê a rapariga na praia de Dollymount Strand e abandona imediatamente as suas inclinações eclesiásticas por uma vocação artística. Ainda que hoje o termo “epifania” designe apenas a Festa dos Reis Magos, a sua etimologia, do grego epiphaneia, “manifestação, aparição súbita” indica uma revelação, uma compreensão repentina, quase milagrosa, do sentido ou da essência de qualquer coisa. Uma epifania é um momento de graça, uma fusão entre a consciência de uma pessoa e a aura de uma realidade que se revela indo ao seu encontro. As Surfaces profondes de Julia Dupont são o fruto de várias epifanias: a artista evoca aparições luminosas, pasmos, imagens que se lhe impõem e exigem ser fotografadas. Perante tais revelações repentinas, sente, diz ela, uma necessidade absoluta, uma obrigação imperiosa à qual não pode escapar: não se trata de fotografias tiradas por ela como tantas outras, mas de imagens que se oferecem a ela, que a penetram e fecundam, quase uma transverberação extática. Ela aceita-as, não de forma passiva mas transformando essa sensação luminosa em fotografia, para partilhar a força dessa percepção sensorial. Não só o seu olhar mas todo o seu corpo mergulha nelas. O surgimento destas imagens desencadeia nela espanto sensível e contemplação inquieta. Surpreendentes, estas imagens surgem de forma inesperada, misteriosa, mas são o fruto da sua atenção aguda ao mundo. Não nascem de um plano determinado, de um programa preciso, mas aparecem, a maior parte das vezes, durante as suas deambulações à deriva. Não são o resultado de uma busca, de uma caça, mas de uma vigilância. Julia Dupont, como uma “flâneuse” baudelairiana, sempre atenta, espera e recebe; nesta série ela não procura, não persegue mas estando receptiva, atenta, paciente, acolhe estas epifanias, estes instantes cuja vibração capta e volta a transmitir. Por vezes não está preparada, ou as condições para transformar a revelação em imagem não estão reunidas, tem de voltar noutro dia, noutro ano, reiterar, com obstinação e constância. Mas o que são estas aparições? Imagens de luz. Todas as fotografias são por definição, pela própria etimologia, imagens de luz. Certamente, porém estas não são mais que isso, apenas mostram a luz. É a luz que nelas esculpe o espaço, surgindo do fundo da sombra, abrindo os volumes. Esta presença singular da luz que a artista captou muda a visão, colorindo-a em tons de branco, cinzento, azulado, ocre, amarelos, entre quente e frio, e por vezes, raramente, com gradações mais sensuais, mais carnais, de azul e rosa. São luzes percebidas, recebidas, e não construídas à maneira de um Dan Flavin, luzes naturais ou artificiais que atravessam, abraçam ou acariciam as formas arquitectónicas, superfícies a maioria do tempo lisas, desencarnadas (apenas uma apresenta asperezas, irregularidades, só uma é verdadeiramente material: uma placa traseira de lareira em casa da sua avó). Não só não reconhecemos nada, nenhum lugar, nenhum edifício (com a exceção de um elemento da Casa da Música no Porto, para os mais perspicazes), mas também na maioria das vezes, somos incapazes de compreender a escala, medir a distância que separa a fotógrafa do objeto. Para recriar a sensação da luz e evitar qualquer reconhecimento, a artista procurou excluir detalhes demasiado realistas, escolheu ângulos de visão que privilegiam a parte em detrimento do todo, isolando-a do seu contexto. Estes elementos arquitetónicos são feitos de pedra, madeira, metal, vidro, quase sempre formas duras, retas, retangulares; a única excepção é uma escada em espiral, mais redonda. Podemos observar volumes e planos, cheios e ocos, portas, janelas, empenas, soleiras; formas vernáculas ou clássicas, e outras modernistas e até brutalistas. E a luz joga com todas elas, indireta, oblíqua: luzes incidentes, fugas de luz, linhas luminosas, difracção, um jorro saindo de um buraco negro. Os volumes distanciam-se de qualquer forma de representação e tornam-se meros suportes da luz. E estas formas silenciosas parecem quase abstratas. Poderíamos talvez dizer que são imagens de devoção, perante as quais o espetador deveria meditar e, por sua vez, deixar-se submergir para atingir a epifania ou mesmo o êxtase. Estaria assim em condição de mergulhar nestas imagens, aceder a uma verdade superior e saborear estas projecções visuais de um mundo interior, que só a abstração permite. São instantes de fruição pura, em que o tempo e a ação são abolidos. Na obra Polyptique, uma evolução da série Surfaces profondes, Julia Dupont introduz uma dimensão temporal. São cinco imagens do mesmo motivo, uma evolução da luz sobre um elemento arquitectónico durante várias horas, até à noite. Este jogo de variações da luz ao longo do dia ou ao longo das estações evoca evidentemente a catedral de Rouen ou os palheiros de Claude Monet e, em fotografia, a série Stage de Fernando Calhau, fotografias experimentais cujo objectivo é registar um movimento ao longo do tempo (desde 1977), a de Jean Dibbets (The Shortest day at my House in Amsterdam) em 1970, ou algumas de Verifiche de Ugo Mulas da mesma época. Com esta experiência, Julia Dupont mostra como a luz evolui e a forma se altera ao longo das horas. São as reticências de uma revelação que permanece indizível, de uma perceção ao mesmo tempo animada e desligada do tempo, que poderia ser descrita como melancólica. Como uma forma de saudade. * Imagens recolhidas desde há 14 anos em todo o tipo de lugares, em Portugal e França claro, mas também Espanha, Itália, Grécia, Alemanha. Este trabalho vem no seguimento da série Épure sobre o convento de Sintra, que já jogava com a abstração das formas. É uma obra que não está acabada, que continua em aberto, a artista permanece atenta, sempre pronta a acolher novas epifanias. Continua este trabalho com a série paralela e antitética Geometrias do Ó, sensual e incarnada, redonda e terrosa. Marc Lenot Julho 2023

 

 

Entrada actualizada el el 03 oct de 2023

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