VERVE GALERIA EXIBE PRIMEIRA INDIVIDUAL DE LYZ PARAYZO
Em “Quem tem medo de Lyz Parayzo?”, a artista carioca apresenta os desdobramentos de sua pesquisa no campo da escultura
A Verve Galeria exibe “Quem tem medo de Lyz Parayzo?”, da artista homônima. Lyz Parayzo apresenta trabalhos das séries Bixinhas, Alcinhas e Escudos, que buscam referências a partir dos movimentos concreto e neoconcreto brasileiros – nas figuras dos artistas Waldemar Cordeiro e Lygia Clark - e do alemão Max Bill, de sua própria biografia e histórias da comunidade LGBTQ+.
A artista desenvolve objetos de caráter auto defensivo com cortes e dobras, transformando-os em armas, escudos e armaduras. O corpo, além de suporte para os trabalhos autorais, é plataforma de pesquisa. “Vejo-me como uma artista que ressignifica a estética construtiva das décadas de 50 e 60 no Brasil e transfigura a violência sofrida pelo feminino no meu corpo, catalisada em obras de arte”, define...Lyz. Os objetos que cria, mesmo não possuindo uma ligação direta com seu corpo, são absorvidos por ele a partir do momento que comunica o fato através de suas performances.
Todas as obras das séries em exposição são executadas em chapas de alumínio, que se transformam em objetos cortantes. As Armaduras e Escudos transmitem a mensagem de proteção, por seu acabamento em forma de lâmina. A série das Bixinhas, seu trabalho mais conhecido, é composta por esculturas de metal que revisitam o famoso Bicho de Lygia Clark. Como já escreveram as curadoras Isabella Rjelle e Amanda Carneiro “(...) em Bixinha, Parayzo recusa a suposta passividade e domesticidade que os Bichos manipuláveis de Clark poderiam sugerir. A Bixinha busca afastar e não atrair; manipulá-la tem aqui um efeito contrário. O suposto uso carinhoso do termo “bicho” no diminutivo e no gênero feminino é ainda uma forma pejorativa de apelidar homens “afeminados”. Ao empregá-lo como título de sua obra, a artista fricciona estereótipos atribuídos a essa feminilidade, subvertendo uma suposta docilidade e passividade destes corpos.”
Por uma necessidade de autoproteção advinda de sua história, o material que Lyz Parayzo utiliza é rígido e cortante, e quando toma sua forma final pode representar algo perigoso. Ainda assim, a relação é ambígua: “Meus trabalhos são atrativos por serem de metal reluzente; convidam ao toque, mas, ao mesmo tempo, podem ser perigosos” afirma Lyz. Ao trabalhar a partir de moldes figurativos, cria formas abstratas e um glossário imagético, focado na cor rosa e no metal, transformando-o em esculturas-objeto para usar ou vestir.
O percurso de Lyz Parayzo teve início através de suas invasões performáticas em galerias de arte e museus, como uma crítica a um sistema institucional seletivo e excludente, onde se insurgia contra os parâmetros de liberdade concedidos aos artistas. Agora, ao estar inserida neste mesmo circuito, faz um convite para que respondam à pergunta “Quem tem medo de Lyz Parayzo?” e completa: “agora que esse lugar é meu!”.
Imágenes de la Exposición
Lyz Parayzo - Bixinha
Entrada actualizada el el 28 ago de 2019
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