Durante as últimas cinco décadas, Sonia Andrade guardou todas as contas que recebeu, e pagou, de serviços considerados básicos – aqueles diretamente responsáveis pela manutenção da nossa sobrevivência física. Esse conjunto, formado inicialmente por contas de luz, água, gás e esgoto, com o passar dos anos, ganhou a companhia das contas de televisão a cabo, de internet, de telefone fixo e de celular. Depois de vinte anos de sua última exposição no l (onde também realizou sua primeira individual, em 1976, na Área Experimental), a artista carioca apresenta a instalação inédita … às contas.
Uma das pioneiras na utilização de vídeo no Brasil, Sonia apresenta aqui uma autobiografia possível que supõe a presença do corpo por meio de índices oblíquos, isto é, todos os custos que tornaram possível sua sobrevivência. Aqui, como em parte de sua produção nos últimos 50 anos, o corpo é colocado como centro da ação. Em seus...primeiros vídeos, na década de 1970, o corpo era testado em seus limites e condicionamentos, seja deformado por um fio de náilon, tendo os cabelos tosados, a mão presa a uma tábua por pregos e fios ou ainda parcialmente aprisionado em gaiolas. Já em … às contas, o corpo não é mais tratado de maneira icônica, mas por meio dos índices que efetivamente permitiram a sobrevivência real da artista. É o corpo como termômetro, unidade de medida e arena
Entrada actualizada el el 03 sep de 2019
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