Movida por uma história de amor, mudou-se para uma cidade sem montanhas, mas com um horizonte repleto de parreiras, construções antigas e estações que se colorem ao longo do ano. Após quatro anos na França, mostra pela primeira vez a exposição “Somos feitos de tempo”, individual na galeria Celma Albuquerque.
As referências de um recomeço na vida da artista tomam forma nas telas de grandes formatos, através de um fundo fluorescente que a leva ao resgate da vegetação luxuosa, das cores vibrantes e dos perfumes exaltantes de suas origens tropicais. O uso da tinta acrílica com a tinta a óleo permite este contraponto de dois mundos e de duas culturas. A explosão da cor e o fundo das telas revelam o movimento gestual da vida e os traços com os quais são construídas as direções a serem seguidas.
Essas novas referências de seu dia a dia induzem a artista a ter, como...ponto de partida para as obras, imagens de potes de flores que são muito presentes durante a primavera francesa. O encantamento por essas composições sugere as flores como entidades ambivalentes entre força e fragilidade, intimidade e sociedade. É o sexo da planta frágil e matricial,é uma aposta de predação, por natureza política. Os elementos abstratos que compartilham do equilíbrio da pintura resultam na relação da artista com a tela. As pinturas propõem ao expectador entrar nesse universo caloroso, alegre e cheio de possibilidades.
O tempo é um ser em meio a uma metamorfose, com pressa para mudar, a fim de sobreviver. É aquele que se torna uma flor e abraça os opostos. Tempo é a flor da primavera e da renovação, que se abre para o desabrochar do mundo.
Entrada actualizada el el 05 oct de 2021
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