A Galeria 111 apresenta a mais recente exposição da artista Cristina Lamas (Lisboa, 1968) intitulada Unir Pontos. Irá apresentar urna nova série de desenhos que se norteiam num pertinente dilema entre o domínio do quotidiano e o espaço abstracto. Se, por um lado, ao identificarmos os rigorosos desenhos que mimetizam os atoalhados de uso comum ou panos de cozinha, por outro lado, a abstração dessas imagens, através do predomínio das formas e das cores revelam-se, por si só, elementos construtores de urna identidade promissora e latente na superfície pictórica do papel. Neste sentido, os desenhos apresentados fecham-se sobre si mesmos e simultaneamente abrem-se ao que neles se quiser ver e projetar.
Contudo, a proposta conceptual apresentada tenta baralhar e confundir mesmo o espetador mais distraído. Através da ionização de um objeto decorativo em forma de pinguim a complexidade dos elementos visuais e plásticos tornam-se momentos de um jogo de difícil definicáo....Mas, ao revelar urna animação, em que a personagem desaparece, o jogo parece revelar a inexistência de algo para se revelar. A boneca representada desaparece do lençol branca que a deveria revelar.
Poderá referir-se que o jogo de unir pontos confere urna inequívoca finalidade, a de revelar a imagem que se esconde por trás dos referidos pontos. Ou seja, ao unir os pontos, a imagem de algo será revelada. Oeste modo, pode referir-se que os desenhos que a artista apresenta confluem, em última instancia, a um objetivo promissor e revelador, porque através da sua aparição eles revelam-se a si próprios como algo que apesar de se construir através de objetos identificáveis do quotidiano, eles tendem a desenhar-se em inalcançáveis ícones da sua pré-existência.
Hugo Dinis
Entrada actualizada el el 09 may de 2017
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