Desentender plenamente a vida. Desentender em absoluto. Desentender tanto e tanto a ponto de me desconhecer mais e mais. Viver para produzir dúvidas insolúveis. Consumir os dias com a ânsia de amplificar mistérios. Zombar das certezas binárias e da orientação dos pontos cardeais. Perceber o celestial nas fissuras do Terreiro. Viver a contrapelo da farsa institucionalizada. Demonizar o tempo. Desafiar a cronologia. Desregular roteiros pré-estabelecidos. Reconhecer o divino no murmúrio da tradição. Fotografar a sombra. Fotografar assombra.
As sombras são a imanência do sagrado por onde espocam luzes pontuais e fulgurantes nas imagens de Robério, como o brilho que as estrelas emitem na perspectiva improvável de anos luz passados. Rebrilham nessas imagens instáveis os Orixás e as força da natureza invocadas por Joãozinho da Goméia e Mãe Mirinha do Portão. Oxalá!
Uma fotografia construída a partir das sombras aposta na latência do porvir. Ecoam na escuridão a força da transcendência até se...materializarem nos búzios, alegorias, miçangas e joias raras, nobres e ordinárias das indumentárias que vestem essas divindades no entorno de Bankoma, nos arrabaldes de Salvador, do Brasil, da África, de um mundo reinventado.
Entrada actualizada el el 28 may de 2019
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