Artista, Crítico/Periodista, Investigador/Docente

Walter Hugo Khouri

1929 en São Paulo, Sao Paulo, Brasil
Walter Hugo Khouri
Fallecimiento:
2003 en São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Descripción del Artista
Walter Hugo Khouri (São Paulo, 21 de outubro de 1929 — São Paulo, 27 de junho de 2003) Realizou 25 longas-metragens. Os filmes mostram personagens que buscam sentido para a existência angustiante. Khouri conquistou vários prêmios nacionais e internacionais. Sua obra, influenciada por cineastas como Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, pelo jazz, por escritores como D. H. Lawrence e Albert Camus e por filósofos como Espinoza, é bastante pessoal e homogênea, passada ao largo das formulações de fundo social do Cinema Novo, dentro de uma estética e de uma preocupação existencialistas mais assimiladas às cinematografias europeias do Primeiro Mundo, o que lhe valeu não poucas críticas ao longo da carreira. Mesmo após a sua morte, o conjunto de seus 25 filmes divide opiniões. Uma parcela da crítica e do meio acadêmico o considera um verdadeiro mestre, detentor de uma marca autoral desenvolvida com domínio e talento. Às latentes observações de ausência ... de uma identidade cultural brasileira e afeita aos seus correspondentes movimentos artísticos, responde se tratar do reflexo do próprio cosmopolitismo característico de São Paulo, cidade onde Khouri nasceu e desenvolveu toda a sua carreira; outra parte (notadamente influenciada pelo sistema de pensamento antropofágico de Paulo Emílio Salles Gomes), por sua vez, ainda endossa os ataques perpetrados pelos membros do Cinema Novo, o vendo como um cineasta alienado política e esteticamente, um mero copiador e estetizador do trabalho de grandes diretores europeus e japoneses, cujas linhas-mestras soam deslocadas e inadequadas em um país marcado por contradições e com um processo histórico-cultural próprio, como é o Brasil (dentro desse raciocínio, Khouri é alçado como o mais fidedigno sucessor do projeto de cinema da antiga Vera Cruz, paradigma de estrangeirismo contra o qual também o Cinema Novo e o Teatro de Arena passam a combater na erupção de seus movimentos). Já em termos mais técnicos, ao mesmo tempo em que sobram elogios à fotografia, à composição de quadro e à direção de arte de suas películas. O principal filme Noite Vazia, realizado em 1964, que aborda quatro personagens, dois homens e duas prostitutas em conflito com suas vidas, tendo como pano de fundo a ascendente metrópole paulistana dos anos 60, o consagrou e até hoje é considerado o melhor longa, apresentando uma edição de fotografia magnífica e grandes atrizes. Khouri foi autor e roteirista de todos os seus filmes e seu cinema tem uma “genesis” muito ligada ao universo urbano da enorme metrópole de São Paulo, onde nasceu e realizou a maior parte de seu trabalho. Cursou durante 2 anos a Faculdade de Filosofia da USP, abandonando-a para se iniciar no cinema. Trabalhou como assistente na preparação da produção de "O Cangaceiro" (1953), de Lima Barreto. Em 1951, começa as filmagens de seu primeiro longa-metragem, "O Gigante de Pedra" (1954), sendo que em 1952 a produção é interrompida 2 vezes e depois de alguns dias de filmagem em 1953 e de meses de trabalho na montagem e sincronização, o filme é concluído. Essa obra obedeceu ao esquema do que na época foi chamado de "cinema independente", feito à margem dos grandes estúdios, com recursos próprios e sem estrutura montada para a exibição. "O Gigante de Pedra" foi citado na imprensa como exemplo das dificuldades que um jovem cineasta é obrigado a enfrentar quando decide iniciar-se no cinema, principalmente se o faz fora dos grandes estúdios. Apesar de ter conseguido seu primeiro filme em condições mínimas de produção, o efeito desta obra sobre o resultado final do trabalho é visto como essencialmente nefasto. Não está em seu horizonte o aproveitamento criativo da precariedade, tema já vislumbrado em Nelson Pereira dos Santos e em Roberto Santos e que fora uma das propostas centrais de Glauber Rocha. O horizonte de Khouri, na época, é a produção a nível industrial dos grandes estúdios. Já surgem aí, de forma suave, as diferenças que o irão isolar do movimento do Cinema Novo anos depois, tornando-o uma figura singular dentro do cinema brasileiro da década de 60. Após a falência da Companhia Cinematográfica Vera Cruz em 1954 e a criação da Brasil Filmes (que passou a utilizar os estúdios e equipamentos da Vera Cruz), Walter Hugo Khouri dirige, nessa produtora, "Estranho Encontro" (1958). Esta obra foi filmada e concluída em 1957 e lançada em 1958. Contando somente com 5 personagens e possuindo grande densidade psicológica, o filme é campo de trabalho ideal para o estilo que o diretor já possuía e que marcará seus trabalhos posteriores. Em todo o filme se respira o classicismo das produções da Vera Cruz. Embora o cineasta não consiga aprofundar e dar densidade aos personagens, sente-se uma preocupação constante de explorar-lhes a solidão e o vazio existencial. Nessa obra, o estilo excessivamente carregado, beirando o maneirismo vazio (overdose de rebuscamento sem substância), dá ao filme certa "aura" especialmente atraente hoje. Com o fim da Brasil Filmes, Khouri e seu irmão William tornam-se os proprietários dos estúdios e equipamentos da Vera Cruz, numa transação confusa. "Fronteiras do Inferno" é realizado em 1958 utilizando Eastmancolor (uma exceção na época). O filme, feito em 2 versões (português e inglês), sofreu vários problemas com a revelação dos negativos nos E.U.A. A receptividade da crítica aos filmes de Khouri, no fim da década de 50, nos leva a um quadro ideológico anterior ao surgimento do Cinema Novo. Este quadro gira em torno de uma concepção da crítica mais prestigiosa do período, que incentiva o cinema dito "sério" em contraposição à chanchada. O cineasta é considerado o "enfant terrible" do cinema brasileiro "sério". Em 1959, inicia-se as filmagens de "Na Garganta do Diabo" (1960), concorrendo depois, em 1960, ao Festival de Mar del Plata (Argentina), onde recebeu o prêmio de melhor roteiro. Um dos filmes mais bem acabados do diretor, tem o quadro ficcional costumeiro das obra de Khouri: ambiente fechado, onde o drama é explorado com um número pequeno de personagens. A situação extraordinária tem então, como consequência, conflitos pessoais e personalidades exponenciais. Rodado em parte nos estúdios da Vera Cruz, "Na Garganta do Diabo" já é um filme de um diretor maduro, ciente de suas potencialidades. Como de costume, os atores são otimamente dirigidos, sendo que a direção de atrizes sempre foi o ponto forte de Khouri. A dramaturgia da obra é ainda marcada pelo classicismo tanto na construção narrativa como no tom ficcional. O filme é carregado de artificialismo e estilização da natureza. O cineasta está muito distante da forma de exploração do ambiente geográfico cinema-novista que estouraria no ano seguinte. Repetindo a sua postura, a crítica elogia a coragem do diretor em fazer cinema "sério" no Brasil. Na década de 60, Khouri continua mantendo uma produção de cunho essencialmente pessoal, apresentando filmes que destoam completamente do ambiente ideológico dominante em sua época. No entanto, existe um ponto em comum com a produção cinema-novista, que é a presença do "autor". Em 1961, o cineasta inicia "A Ilha", lançado em 1963. A estrutura dramática é a mesma dos outros filmes do diretor: num grupo isolado são potencializados conflitos pessoais e psicológicos. Walter Hugo Khouri dirige, em 1964, "Noite Vazia", considerado como um de seus trabalhos mais bem feitos. O cenário é a São Paulo da época, e a câmera nos mostra de perto este ambiente urbano. A futilidade existencial dos protagonistas e a angústia dos mesmos face a esta realidade, é total. Não há questionamentos em termos de colocar alternativas sociais para a sua superação. A intenção do filme é aprofundar esse clima e acentuá-lo ao máximo através de um ritmo lento. Em "Noite Vazia", o cineasta consegue abandonar o classicismo grandiloquente de suas primeiras obras para ir em direção a outro cinema de autor, então em voga na Europa. É fácil perceber a mudança autoral de Khouri nesse filme e seu encontro com um estilo que o satisfaz pessoalmente, o qual trabalharia nas produções seguintes. Em "O Corpo Ardente" (1966), o episódio de "As Cariocas" (1966) e "As Amorosas" (1967), temos um diretor próximo da narrativa moderna do cinema europeu do período, tanto a nível temático, quanto ao nível propriamente da linguagem. Um ritmo lento acompanha o desenvolvimento de personagens imersos numa existência vazia, tendo geralmente como cenário de fundo a realidade urbana. Fazem-se tentativas de elaboração mais sofisticada de dilemas existenciais com tonalidades de cunho filosófico, o que geralmente torna o filme mais pesado. "Noite Vazia" teve um razoável sucesso de público. Tendo coprodução com a Columbia Pictures, "O Corpo Ardente" constitui com "Noite Vazia" e o episódio de "As Cariocas", a trilogia onde se sente a influência de Antonioni nos filmes de Khouri. Durante seu lançamento no Rio de Janeiro, em 1967, armou-se intensa polêmica em torno do filme, considerado por muitos críticos como "alienado". O cineasta realiza, em 1966, um episódio de "As Cariocas", onde desenvolve uma linha intimista dentro do estilo que vinha mantendo em seus 2 longas-metragens anteriores. Em "As Amorosas", Khouri faz um diálogo mais próximo com sua época, embora conservando sempre as preocupações existenciais que caracterizam seu estilo. Sente-se nesta obra a presença da efervescência ideológica do final da década de 60, com discussões políticas e estéticas sobre os mais variados assuntos. A temática existencial, sempre com tonalidades filosóficas, surge com contraste à euforia ideológica estudantil. "O Palácio dos Anjos" (1970) que, embora mantendo forte relacionamento com as obras anteriores, já aponta em direção à futura proximidade com a pornochanchada e a produção da Boca do Lixo paulista, que caracterizará os filmes posteriores do diretor. Em "O Palácio dos Anjos", chama a atenção o fascínio do diretor pelos rostos e expressões das 3 atrizes principais, que aparece manifesto num filme quase todo em primeiro-plano. Khouri se notabiliza por uma direção impecável de atores e pelas grandes interpretações que deles consegue extrair em seus filmes. Com especial talento para a escolha e o trabalho com as atrizes, faz com que elas sempre brilhem em seus filmes. Khouri foi, durante muitos anos, um diretor relegado a segundo plano no panorama do cinema brasileiro. No entanto, a revisão de sua obra aponta em alguns de seus filmes uma atualidade que a obra do Cinema Novo hoje não tem. Autor com estilo forte e pessoal, conseguiu manter uma produção com características próprias, quando todo cinema brasileiro enveredava em outra direção. Embora seus trabalhos mais elaborados estejam no período analisado atrás, conservam, nas décadas de 70 e 80, o mesmo ritmo de filmagem, com quase um longa-metragem por ano. O ponto mais frágil de seus filmes está geralmente na elaboração dos roteiros, principalmente nas falas de seus personagens, nem sempre ao nível dos resultados obtidos pela obra como um todo. A proximidade com a dialética da pornochanchada surge nos anos 70 como uma temática que atrai o diretor, dando novas cores aos antigos dilemas existenciais do começo de sua carreira. O cineasta tem uma trajetória exemplar na década de 70. Utilizando diversificadas formas de produção, desenvolve preocupações variadas, deixa fluir inquietações estéticas permeadas pelo erotismo, pelo clima fantástico e pela constante obsessão plástica na construção de suas imagens. Em 1975, recebeu o prêmio "Kikito" de melhor diretor no Festival de Gramado por seu filme "O Anjo da Noite" (1974). Khouri não hesitou em trabalhar na Boca do Lixo em pleno auge da pornochanchada, dirigindo um filme memorável, "Convite ao Prazer" (1980). É quase uma refilmagem de "Noite Vazia". O que saiu foi uma obra ousada, instigante, com ambientações e atmosferas que oscilam entre o forte apelo sexual e o aterrorizante vazio, com cada sequência trazendo embutida uma combinação de animalidade e angústia. O filme é modelar para o cinema erótico. Filmografia: 2001 - As Feras (filmado em 1998) 1999 - Paixão Perdida 1991 - Per sempre 1987 - Mônica e a Sereia do Rio 1986 - Eu 1984 - Amor Voraz 1982 - Amor Estranho Amor 1981 - Eros, o Deus do Amor 1980 - Convite ao Prazer 1979 - O Prisioneiro do Sexo 1978 - As Filhas do Fogo 1977 - Paixão e Sombras 1975 - O Desejo 1974 - O Anjo da Noite 1973 - O Último Êxtase 1972 - As Deusas 1970 - O Palácio dos Anjos 1968 - As Amorosas 1967 - Corpo Ardente 1966 - As Cariocas 1964 - Noite Vazia 1962 - A Ilha 1959 - Na Garganta do Diabo 1959 - Fronteiras do Inferno 1958 - Estranho Encontro 1953 - O Gigante de Pedra Prêmios: Ganhou prêmio de "Melhor Roteiro" do Festival Internacional de Mar del Plata em 1960, pelo filme Na Garganta do Diabo. Ganhou o Prêmio Saci dez vezes, nas categorias de argumentista, roteirista, diretor, produtor e montador, pelos filmes O Estranho Encontro, Na garganta do diabo, O gigante de pedra, A Ilha, Noite vazia, Corpo ardente. Prêmio Instituto Nacional de Cinema e Coruja de Ouro, como melhor diretor nos anos 1966, 1967 e 1972, pelos filmes Corpo ardente, As amorosas e As deusas. Por doze vezes ganhou o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, como argumentista, roteirista, diretor e produtor, pelos filmes O estranho encontro, Noite vazia, O corpo ardente, A Ilha, Fronteiras do inferno, Paixão e sombras, O último êxtase, O palácio dos anjos e As amorosas. Prêmio Vittorio de Sica, no Festival de Sorrento, na Itália, em 1988, pelo conjunto da obra. Menção Especial no Festival de Santa Margherita Ligure, pelo filme Na garganta do diabo, em 1960. Prêmio dos jurados no Festival Internacional de Sitges, na Espanha, pelo filme O anjo da noite, em 1974. Por três vezes ganhou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelos filmes O anjo da noite (1973), O último êxtase(1974) e Eros (1981). Prêmio Fábio Prado de Literatura para roteiros pelo filme A ilha. Menção Honrosa na Semana Internacional de Cine en Color de Barcelona, pelo filme As deusas. Por nove vezes ganhou o Prêmio Cidade de São Paulo, da municipalidade paulista, em diversas categorias e filmes, de 1958 a 1968. Prêmio Governador do Estado de "Melhor Argumento" para o filme Amor voraz. Prêmio Samburá no Fest-Rio Fortaleza, em 1989, pelo conjunto da obra. Prêmio Oscarito da Fundação Cultural Banco do Brasil. Prêmio "Resgate do Cinema Brasileiro" do Ministério da Cultura - com roteiro de "Paixão Perdida" 1994 Prêmio Riofilme - "Paixão Perdida" - 1995 Premiação no Programa de Integração Cinema-TV/Co-Produção com a TV Cultura - "Paixão Perdida" - 1996

 

 
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Walter Hugo Khouri

Entrada actualizada el el 22 ago de 2022

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