O Largo das Artes convidou a artista Regina Silveira para uma programação especial na galeria e exibe, pela primeira vez no Rio, a vídeo-instalação 1001 Dias.

Projetado sobre uma parede branca de mais de 10 metros, o vídeo 1001 Dias exibe uma sucessão contínua de dias e noites, contraindo-se e expandindo-se, em movimento semelhante ao obturador de uma câmera, tendo como ponto central uma espécie de 'bolha cósmica' onde as imagens se misturam e de onde parecem se originar.

Enquanto as sequências em looping aludem ao tempo infinito, uma outra dimensão, a da memória da artista, surge em elementos autobiográficos inseridos na trilha sonora.

Para receber 1001 Dias, o Largo das Artes transformou a ampla e normalmente clara galeria numa câmara escura, com a aplicação de vinil preto sobre os vidros das clarabóias ... e a colocação de painéis de tecido nas grandes janelas.

A exposição, que já passou pelo Museu da Vale, em Vitória, pelo Espaço Maria Antonia, em São Paulo, e pela Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, faz parte do projeto Luzes na Cidade, que, para celebrar o Rio+20, cria um circuito de arte, no Centro do Rio, com obras que têm a luz como suporte.

O poeta João Bandeira assim descreve o trabalho de Regina Silveira em seu texto de apresentação:

'E se nos fosse dado surpreender o funcionamento da sucessão de dias e noites, num símile de sua infindável alternância? Em 1001 Dias, este 'e se' interrogante - frequentemente implícito nos trabalhos de Regina Silveira - é o próprio limiar da imaginação, dando vista para o maravilhoso. Deixar-se levar pela pulsação de suas imagens em looping, dilatando e contraindo a partir de uma espécie de umbigo do mundo, entre vozes de crianças ou ruídos de bichos noturnos, por sobre o som de um vento incessante, é descobrir-se numa máquina de produzir fantasia. Máquina que, no entanto, extrai sua eficácia da variação de poucos e explícitos elementos que reanimam metáforas primordiais. mEcoando simultaneamente algo da grande tradição da pintura maneirista e dos truques simples e precisos dos filmes de Georges Méliès, 1001 Dias é um engenho que encanta e inquieta, que convoca a admiração e as decisões do entendimento.'