Referência incontornável da arte portuguesa na transição para o século XXI, Miguel Palma é um artista que se apropria das narrativas de uma modernidade em permanente questionamento para melhor refletir sobre o presente.
O fascínio de Miguel Palma por ícones da modernidade clássica é evidente: o mundo da aviação, o automóvel, a arquitetura, a natureza (mais ou menos domesticada) e a tecnologia em geral. Porém, aqui, estes elementos são continuamente sujeitos a uma migração conceptual, reclamando a intervenção do artista uma densificação hermenêutica vital. A apropriação de maquetas, por exemplo, aproxima-os de uma realidade em segundo grau — a maqueta indica precisamente a existência de uma outra entidade noutra escala; mas as situações em que aquelas se apresentam são situações suspensivas do real, como se o excesso de realidade dos objetos entrasse em curto-circuito em função de um jogo derrisório que torna o real vertiginosamente polissémico e poético. A criatividade do...artista desdobra-se numa pulsão construtiva que convoca e problematiza conceitos como o progresso, a degenerescência, a velocidade e o fracasso.
Entrada actualizada el el 01 oct de 2019
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