Curvas. Ondulações. Modulações. Na sede da Fundação Iberê Camargo, com suas bordas, recortes, intervalos, brechas, sua luz particular e seu percurso fluido, surgem os espaços que abrigam a primeira exposição individual de Angela Detanico e Rafael Lain em sua terra natal. A dupla, que nasceu em Caxias do Sul e, atualmente, vive e trabalha em Paris, cria obras cujas ondulações produzem percepções de movimento em relação às noções de tempo e espaço, e também de espaço e paisagem - assim como os desenhos do arquiteto Álvaro Siza para o edifício construído às margens do Guaíba. Aqui, a exposição foi pensada quase como um site specific, numa relação com a sua luz e sua ampla arquitetura. Como um poema espacial, as 12 obras expostas podem ser lidas em relação umas com as outras em uma sequência não linear, recompondo-se e proporcionando diferentes possibilidadesde leituras.

Ao reunir mais de dez anos de reflexão sobre o sentido e sua representação gráfica na obra de Detanico e Lain, esta mostra explora as relações entre arte e design, tecnologia e poesia, forma e conteúdo, as coisas e seus nomes, a imagem, o texto e o som. Com o uso de diferentes linguagens, técnicas e suportes, que se unem, fundem-se e dialogam, estes artistas constroem trabalhos que geram novos sentidos a partir da interação com o espectador. Mais do que um exercício de codificação ou descodificação, os artistas propõem a construção de novos códigos, organizados em uma nova 'escrita'.

Distante da frieza de base quase científica, numérica e racional que permeia seus experimentos, o trabalho de Detanico e Lain tem um caráter extremamente delicado. Esta exposição é também uma mostra dessa dimensão poética da obra da dupla. Em uma estreita relação com o céu e o cosmos, suas estrelas e constelações, uma temática recorrente em sua trajetória, Detanico e Lain nos apresentam um novo universo, criativo e poético. Um alfabeto infinito.