Ama como a estrada começa, é um projeto inédito produzido especialmente para o MAAT. A primeira grande apresentação da dupla numa instituição museológica, a exposição apropria o título de um poema-colagem criado por Cesariny em 1955 e articula inúmeras referências gráficas, culturais e artísticas que os artistas foram buscar ao imaginário e legado surrealista e em particular às referências do poeta português, mas também aos primeiros movimentos políticos queer e de libertação sexual. Estes são elementos que remetem para ideias de impureza e higienização, crime e castigo e a sua relação histórica com a homossexualidade e com as noções de género e cura. João Pedro e Nuno Alexandre justapõem uma amálgama de objetos e imagens na composição de uma instalação com dois andares; uma estrutura que se assemelha a uma grande colagem ou assemblagem surrealista que evoca os espaços de engate da comunidade gay — como os urinóis públicos, clubes...de sexo e as saunas — mas também traz à memória as infraestruturas e equipamentos de higiene pública e sanitária como, por exemplo, urinóis, lavadouros ou celas e outros elementos da vida prisional. Estes objetos e ambientes são alusões à perpetuação e reconfiguração destas formas de restrição das liberdades, direitos e garantias individuais na sociedade contemporânea. A exposição integra ainda uma série de performances, concebidas em parceria com o coreógrafo João dos Santos Martins, que irão acontecer de forma espontânea e sem aviso prévio — vivências e ações corporais que ativam o espaço e os seus objetos, adicionando novas camadas de significados e sentidos num processo de construção permanente e em contínua transformação.
Entrada actualizada el el 30 sep de 2019
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