"Concreto Esvanecente"
As cores, todas elas, são interpretadas por quem as percebe das mais diversas maneiras. O vermelho ou o azul é reconhecido pela sensibilidade de cada um de modo distinto. As subjetividades implicadas na “simples” operação de ver são capazes de toldar qualquer consenso em torno do assunto: veem-se vermelhos e azuis e não apenas o “vermelho” e o “azul”. As cores estão todas matizadas, suas tonalidades variam ao infinito e nossa memória visual está, sem dúvida, comprometida por um sem-número de experiências que nos colocam em desacordo sobre a “verdade” de cada cor “pura”. Cynthia Leitão, através de seus experimentos pictóricos, parece sugerir que o que existe de concreto na pintura é justamente sua evanescente realidade. Ela é não sendo; apresenta-se, às vezes, pela própria ausência; é, afinal, múltipla em sua unicidade e confirma, por fim, o poeta que um dia decretou: “O que seria de nós se não...fossem as coisas que não existem”.
Claudinei Roberto da Silva – curador
Entrada actualizada el el 06 mar de 2017
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