Descripción de la Exposición
Segunda individual de CATARINA OSÓRIO DE CASTRO no Módulo onde uma vintena de imagens analógicas cor se apresentam sob o título de Eclipse.
CATARINA OSÓRIO DE CASTRO (1982, Lisboa) licenciou-se em 2005 em Arquitetura - FAUTL – Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa
E fez a formação na área de fotografia no Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa, terminando em 2014.
Sobre a este trabalho escreveu Bruno Marchand:
“Demorei algum tempo a perceber exactamente o que me movia nas imagens da Catarina. Inicialmente, convenci-me que era a qualidade da luz que ela lhes conseguia
imprimir. E lembrava-me da imagem de um rapaz no topo de uma escarpa sobranceira
ao mar, de costas voltadas para a câmara, o seu olhar seguramente fixo na água e uma
toalha cor de areia a esvoaçar-lhe sobre o ombro nu. Lembro-me de pensar como a
intensidade daquela escarpa – em teoria, a mais parda das paisagens – podia funcionar
como um bom exemplo do quanto uma fotografia pode ampliar a nossa experiência da
realidade. Confirmei esta teoria inicial noutras imagens que, com esta, partilhavam
uma tendência assumida para a hiper-representação das texturas, para uma ampla e
clara profundidade de campo, para uma criteriosa construção compositiva e mesmo
para uma aproximação episódica aos protocolos, aos efeitos e aos regimes visuais da
pintura.
Até determinada altura, portanto, a minha relação com as obras da Catarina tinha por
base uma espécie de fascínio formal, como se o espanto que os meus olhos devolviam
às suas imagens não permitisse que me apercebesse do que para lá da superfície
também era retratado. Uma outra imagem, contudo, quebrou essa alienação e
começou a revelar o novelo de procedimentos, relações e recorrências temáticas que
subjazem à prática da Catarina e que têm nesta exposição um novo e mais profundo
desdobramento. Na referida imagem, um rapaz (o mesmo?) encontra-se deitado na
relva, as suas costas voltadas para a câmara, o seu tronco nu polvilhado de pequenos
sinais, como um mapa sem território. A qualidade da luz, a riqueza das texturas, o rigor
compositivo e a alusão pictórica mantinham-se, mas o que se revelava agora era
sobretudo o grau de intimidade em que esta(s) fotografia se apoiava e o modo como a
gestão daquilo que se omite e do que é dado a ver promove uma espécie de curtocircuito na valência sugestiva da imagem, impedindo que a nossa atenção se dissipe ou resolva.
O facto de esta exposição ter ganho o título de Eclipse não será propriamente causal.
De facto, muito do que aqui se apresenta, e do modo como se apresenta, tem a ver
com esse fenómeno de ocultação que a ideia de eclipse sinaliza: um corpo que se
interpõe, um outro que se fragmenta, uma sombra que tudo tolhe e o halo das coisas
que se escondem e que, nessa condição, parecem brilhar mais forte. O esconder e o
fragmentar do eclipse que aqui nos traz é fruto de um olhar treinado: de um olhar que
sabe recortar de uma cena tudo e apenas aquilo que nos manterá interessados. Que
sabe que esse interesse depende em absoluto de uma negação, de uma recusa em
declarar imediatamente os seus verdadeiros intentos, e do efeito inverso que essa
recusa provoca na imaginação. Quanto menos se vê, mais se imagina, e esse é um
segredo que a Catarina sabe de cor.
É, muito provavelmente, por isso que tudo nesta exposição é deliberadamente parcial,
truncado, dúbio. Está tudo (ou quase tudo) à distância de dois passos, essa medida que
nem é demasiado perto para que tudo se torne abstracção, nem demasiado longe para
que se torne descrição. É uma distância que nos põe no lugar do participante mais do
que no lugar da testemunha e que nos deixa, assim, ao comando do veículo de sentido
que o conjunto destas imagens fará. Entre a vista angulosa de uma janela partida, a
simetria perfeita do pelo de um cavalo, um corpo reclinado sobre um leito incerto, o
pára-brisas de um carro que espelha a cidade, o olhar cego de uma figura de gesso
num paço senhorial – o quadro impressivo da sugestão a recordar-nos que a narrativa
é mais intrigante quando se apresenta omissa, o olhar mais agudo quando não
encontra o que procura, o sol mais ponderoso quando a lua se interpõe.
CATARINA OSÓRIO DE CASTRO tem obras nas seguintes coleções públicas:
Col. Figueiredo Ribeiro, QuARTel, Abrantes
Col MG, Alvito
Exposición. 21 may de 2025 - 22 sep de 2025 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España
Formación. 30 oct de 2025 - 11 jun de 2026 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España