Encarnação é uma palavra que tem sentidos físicos e meta-físicos. Aqui, nesta exposição, Ottjörg A. C. propõe algumas modalidades dela se manifestar esteticamente, num diálogo direto com o contexto brasileiro, que interpela o espectador rio-grandense.
Assim, o artista alemão capta, na obra “Marca Urbana”, o arquétipo da encarnação do ser gaúcho, através de transfigurações da castração e marcação de potros, revelando como tradicionalmente se lida com a potencia e sua apropriação e valorização nestas paragens. Espalhadas em monumentos da cidade, essas transfigurações se insinuam no espaço urbano, como totens.
Dentro do espaço expositivo, Ottjörg propõe trabalhos em suportes diversos. Há um desenho de touro, da série “Azul da Prússia”, que é realizada com sangue oxidado de gado alemão.
Há uma instalação, misto de estúdio fotográfico e de sala de interrogatório, que convida o espectador a entrar e participar do ritual de um matadouro, lugar por excelência em que a vida se transforma...em carne – produção em série. Sentado nesse ambiente sangrento, você não pode vê-la diretamente, nem ao Messias que comanda a encarnação; mas pode fazer um selfie, testemunhando que esteve lá, e postá-lo no Instagram.
Entrada actualizada el el 21 nov de 2018
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