Exposición en Lisboa, Portugal

Entretempos

Dónde:
Caroline Pagès Gallery / Rua Tenente Ferreira Durão, 12 - 1° Dto. [Campo de Ourique] / Lisboa, Portugal
Cuándo:
25 ene de 2013 - 06 abr de 2013
Inauguración:
25 ene de 2013
Organizada por:
Artistas participantes:
Descripción de la Exposición

Como no mito grego de Penélope, Conceição Abreu tem vindo a tecer malhas, ninhos, vestidos, cachecóis, redes, teias e, como Penélope, também neste tecer parece haver um adiar que se constrói como produção _ Penélope tecia de dia e desmanchava de noite o sudário para Laerte (pai de Ulisses), assim evitando aceitar o desaparecimento do seu noivo Ulisses. Como se tem afirmado na genealogia da sua obra (a propósito das malhas cromáticas 2003, dos bordados 2006, dos ninhos de elástico 2007, dos vestidos abrigos, dos atilhos 2008, das meadas 2009 e dos puxos 2010), a obra de Abreu é identificada como sensual (novelos sensuais), constituída por imagens indissociáveis do seu fazer laborioso, (de) gestos repetidos e minuciosos, femininos (que evocam as tarefas femininas de outros tempos) e intimistas (vindos de uma intimidade que comunica) mas privativa (preservando a sua discreta privacidade), ainda que com o propósito social de ... construir sentidos através de desenhos (...quase) objectuais, inexoravelmente remetidos para o corpo das suas memórias (um trabalho que traz consigo a memória do corpo que o fez).

 

Na entrevista conduzida por Luís Pinheiro, a autora conota os seus vestidos rendilhados de tricot com gaiolas e abrigos, reforçando a mesma dicotomia entre aquilo que protege e simultaneamente inibe. As produções de Conceição Abreu são coisas em si, literarizadas, desvinculadas da sua primitiva origem existencial para se constituírem como metáforas de mediação entre o privado e o colectivo, entre o indivíduo e a sociedade, como linguagem.

 

No texto que acompanhou a exibição das suas obras mais recentes em Guimarães capital europeia da cultura ('Desenhos Tácteis'), Conceição Abreu escreve: lançar, tecer, fazer, repetir, continuar, mover, (...) desenhar, construir, como processo de ser e, consequentemente, propondo o trabalho artístico como condição de vida, ou como processo de habitar. Desenhar e tecer vêm aqui identificados como semelhantes, partindo ambos de uma postura de concentração, que conjugam, no gesto, o corpo e o espírito. No contínuo movimento de cadência embalada e ritmada deste fazer, nascem as linhas com que se edificam as construções.

 

Para que fazem os artistas a Arte é um enigma. Fazem-na porque não a podem evitar. Porque o próprio processo da Arte os ultrapassa sem compaixão, como a eternidade (Badiou). Fazem-na para que a beleza apareça, ou simplesmente para resistir à morte. Na impossibilidade de superar a morte, a arte constitui uma barreira colectivamente construída ao nada (Flusser). Um esforço de aproximação à felicidade (estado de espírito das grávidas, ou daqueles que esperam o novo). Mesmo na arte de intervenção censora (e talvez sobretudo nessa), a arte é manifestação de esperança. Uma forma de construir para adiar a construção, ou de morrer para adiar a morte.

 

Nesta obra a divergência entre diferença (inadaptação) e repetição (aptidão) está pacificada pela natureza da criação.

 

O que se procura com o processo não é o resultado em termos de artefacto técnico, mas o envolvimento existencial do seu autor, enquanto duração de uma experiência que é tanto mecânica como livre (criativa) e nisso residirá a sua diferença e o poder da sua inovação. As suas mais recentes obras revelam redes que são afinal teias, denunciando uma estratégia passiva de captura (do olhar, da atenção, dos públicos). Ao matar o tempo, a rendeira constrói a teia da sua própria adaptação ao ambiente, construindo a sua salvação. Mas salva-se de quê? Salva-se da sua reificação de funcionária, de objeto de consumo entre consumíveis, de condenada à desumanização do estereótipo programado, do papel de ator e espectador no simulacro global. O desenho aparentemente sem intencionalidade iconográfica, resulta numa figura táctil (evocando a experiência da pele) mas que remete para a representação anatómica de genitais femininos - invocando vulvas.

 

As redes vulvas radialmente construídas em torno do nada (buraco), são a tentativa criativa para que deixem de ser barreiras de obscurecimento e passem a ser médias de informação entre a autora e os outros. O objecto, ao tornar-se transparente para os outros, isto é, contributo de resistência à reificação do corpo, convoca a verdade não tanto como reflexão sobre o género, mas como recurso solitário de sobrevivência à morte da alienação mediática. Genitálias são precisamente isso: órgãos que produzem vidas.

 

 

 
Imágenes de la Exposición
Conceição Abreu, Casulo de Linho, 2012

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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