Projeto iniciado em Janeiro de 2011 em Londres, visou a captação em filme de pessoas nas ruas de 12 diferentes cidades do mundo em busca de uma reflexão súbita a diferentes questões profundas das nossas vidas.
Estaria em 2011 0 mundo mais sensível, conectado ou empenhado à reflexão interior sobre todos os processos revolucionários que ocorriam na época. Ocorrerá ainda atualmente connosco? a ausência do pensamento, da genuinidade, da participação, da criatividade e da magia que nos falta para uma equidade de valor e de valores e algo que faça mudar o mundo, ainda existe? O olhar mais acertado para esta experiência social é aquele que dá conta das ambivalências das pessoas e dos clichêts comportamentais. Com uma percepção da vida como uma série de problemas complexamente estruturados que devem ser compreendidos através de narrativas mais ou menos ricas, mais ou menos estruturadas e sérias; não como forma de chegar a...respostas paradigmáticas em que o certo e o errado se configuram numa clareza táctil, mas, bem pelo contrário, para dar conta da imensidade e do carácter permanente aberto de todas as pessoas em se relatarem com um desconhecido na rua e como esse comportamento se poderia refletir na forma como o mundo em geral se deveria relacionar, nessa mesma simpatia, nesse mesmo encontro, nessa mesma entrega, e na forma como todos nós abrimos mais fácilmente o coração a um estranho que ao que amamos.
É a exploração deste mundo da entrega existencial ou falta dela que constituiu o espírito fulcral deste projeto.
À arte inicial que conduz à ação, à reflexão, à busca de significados, em regime de entrevistas, decidi contrapor uma arte, observada dos muitos rostos, reflexões que discute um pensamento final, a estética de uma pintura simbólica de cada cidade dos 12 países visitados.
É esta arte que se vai alterando numa fluente coreografia que irá permitir a emergência em conjunto de um novo discurso plástico, de uma nova narrativa, que deixa de ser um exclusivo do artista ou da construção do observador sobre a obra observada. Pelo contrário, a evolução do diálogo, da partilha da proximidade, cria condições para a emergência de uma coautoria artística, algo que não se situa na exclusividade de nenhum dos participantes mas no espaço de dialógico do seu relacionamento e do seu discurso, levando, em última estância a uma identificação mais pura e sincera com as obras produzidas.
A missão será também aquela que oferece o propósito de potenciar um espaço cénico para a metamorfose criativa do entrevistado e futuro contemplador da obra, como autor da mesma, num carácter proactivo, em que é a própria atuação das personagens, que irá criar condições para a emergência da mensagem e da criação plástica que me propus devolver.
Num mundo de 2011 sem uma expressão positiva em Portugal e na Europa, tomei a iniciativa de provocar um estimular, agitar consciências, dando impulsos, estímulos, encorajamentos constantes para que cada um se sinta, pelo menos num curto espaço de tempo, realizador e parte de uma obra artística em que no final resulta uma obra de arte.
A corporalização deste trabalho terá como alicerce um filme documental baseado nestes relatos, concretizando uma exposição criada a partir da produção de um trabalho por cada cidade documentada e por uma narrativa desencadeada pelas diferentes questões, perfazendo um total de 12 obras. Cada obra criada, é o retrato de um dos participantes, selecionados pela sua resposta ou expressão plástica, naquilo que resulta num espaço comum onde as múltiplas experiências vividas se refletem num cosmos cultural e social.
O objectivo final de cada obra criada neste projeto será fazer de cada um de nós, melhores autores e não simplesmente melhores contempladores.
Esta nova exposição conta com quatro pinturas inéditas, todas com 165x200cm e o documentário de Nova York.
Entrada actualizada el el 21 mar de 2022
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