Descripción de la Exposición
A Nara Roesler tem o prazer de apresentar Habitar Juntos, primeira individual de Carlos Bunga (Porto, Portugal, 1976) na galeria. Reunindo trabalhos realizados recentemente no Brasil e instalações inéditas, a mostra é acompanhada de texto de Ivo Mesquita e apresenta elementos-chave da pesquisa do artista que, há mais de 20 anos, tem a pintura expandida como cerne de sua produção, traçando relações próximas com a arquitetura, a instalação, o vídeo e a performance.
Em um mundo polarizado e fraturado, Carlos Bunga nos convida a imaginar um mundo onde podemos Habitar Juntos. O título da mostra também nos fornece pistas para compreender a poética e as temáticas que despertam o interesse do artista. Desde o início de sua trajetória, Bunga tem explorado em seus trabalhos a arquitetura, bem como a ideia de casa e domesticidade. Em seu entendimento, a arquitetura não se resume a uma experiência formalista, onde a forma segue a função. Para ele, espaços, invólucros e estruturas são projetados para abrigar relações entre os indivíduos e suas subjetividades, memórias e sentimentos. A partir dessa ótica, a casa é um espaço privilegiado para se compreender o aspecto humano e “vivo” da arquitetura.
Outro aspecto bastante relevante de sua prática é o uso de materiais de natureza transitória e efêmera, como o papelão e a fita adesiva, amplamente utilizados pelo artista em trabalhos instalativos que conformam espaços híbridos, suscetíveis a serem modificados, como foi o caso da intervenção Mausoléu, realizada em 2012 e que ocupou o octógono da Pinacoteca de São Paulo e, mais recentemente, da intervenção Contra la extravagancia del deseo, que ocupou o Palácio de Cristal do Museu Reina Sofia, em Madri, na Espanha, em 2022. A partir de materiais precários e efêmeros o público é convidado a ir além da contemplação do projeto, percorrendo as estruturas e integrando-se a elas.
Na galeria, o artista propõe dois trabalhos utilizando o material: um deles na vitrine, que será ocupada com estruturas arquitetônicas construídas com papelão e o outro, que se baseia na ideia de perda de territórios geográficos e sociais, e se assemelha a Occupy, uma recente instalação realizada no Museu de Arte Contemporânea de Toronto, em 2020, em que caixas de papelão ocupam grande parte do espaço expositivo e pelas quais o público terá de caminhar e atravessar para chegar nos demais espaços.
Mesmo em trabalhos de caráter participativo, instalativo e performático, o elemento pictórico está quase sempre presente. De acordo com Bunga: “a pintura está, direta ou indiretamente, presente em todos os meus trabalhos. É a base do meu pensamento, um lugar multifacetado cheio de camadas, perspectivas e cheiros”. Esse processo se evidencia em trabalhos produzidos recentemente no Brasil, nos quais o artista faz uso de sobreposições de embalagens encontradas, cera de abelha, folhas de vegetação local e tinta acrílica sobre compensado de madeira.
As cores que utiliza em seus trabalhos, ainda que luminosas e vibrantes, têm aplicação descontínua e craquelada, evocando a transitoriedade, que se relaciona profundamente com a natureza e com a experiência humana, ambas transitórias. A pintura craquelada em cores vibrantes de Carlos Bunga pode ser vista recentemente pelo público brasileiro durante a 35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do impossível, na qual o artista apresentou Habitar el color, obra comissionada site-specific que convidava os visitantes a uma experiência sensorial de caminhar sobre uma espessa camada de tinta craquelada e sentir com os pés a cor e a sua natureza efêmera.
Camadas de cores craqueladas também poderão ser vistas em outros trabalhos da exposição. O artista inscreve camadas de tinta sobre tapetes coletados e tecidos locais, e nos quais acabam por se conformar não só novas texturas, mas também formas que se assemelham a mapas e cartografias, que podem suscitar questões relacionadas à territorialidade e pertencimento, bastante recorrentes na pesquisa do artista, assim como obras escultóricas e instalativas que fazem uso de peças de mobiliário, como é o caso da instalação Ilhas, concebida especialmente para a exposição e na qual uma cortina translúcida na sala mais alta da galeria cria espaços onde estão suspensos alguns objetos que desafiam a noção de gravidade e se aproximam do universo das ideias.
Carlos Bunga
Carlos Bunga (n. 1976, Porto) frequentou a Escola Superior de Arte e Design de Caldas da Rainha, em Portugal. Atualmente vive e trabalha perto de Barcelona. Cria obras de componente processual em vários formatos: esculturas, pinturas, desenhos, performances, vídeo e sobretudo instalações in situ, que se relacionam e intervêm no espaço arquitetônico em que se inserem. Embora utilize frequentemente materiais comuns e despretensiosos, como papelão e fita adesiva, o trabalho de Bunga envolve um grau altamente desenvolvido de cuidado estético e delicadeza, bem como uma complexidade conceitual derivada da inter relação entre o fazer, o desfazer e o refazer, entre o micro e o macro e entre a investigação e a conclusão. Situandose na fronteira entre a escultura e a pintura, suas obras, enganadoramente delicadas e frágeis, caracterizam-se por um intenso estudo da combinação da cor e da materialidade, ao mesmo tempo que enfatizam o aspecto performático do ato criativo.
As obras sobre papel de Bunga, intimamente relacionadas com as suas esculturas e instalações, envolvem frequentemente sobreposições, quer de elementos compositivos nas pinturas, quer de folhas de papel translúcida nos desenhos. O resultado analítico /descritivo, como uma dupla exposição fotográfica, mimetiza a dupla experiência da memória e da imaginação subjacente à escultura.
Exposición. 14 may de 2025 - 08 sep de 2025 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España
Formación. 30 oct de 2025 - 11 jun de 2026 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España