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Neste conjunto de trabalhos inéditos Pedro Gomes (Nampula, Moçambique, 1972) partiu de imagens de grande consumo: descaracterizadas, de leitura unidimensional, fundadas na expetativa de um público e em práticas cuja dimensão nunca é totalmente inofensiva. Estamos no campo da manipulação; a leitura destas imagens é tão fina, tão sofisticada, tão kitsch, que a sua própria existência entrou há muito no reino da fantasia. Ao remetê-las para uma corporalidade em id, Pedro Gomes quer re-inverter, subverter o seu sentido. A passagem da técnica à abordagem manual
... das imagens leva-nos assim a um outro tipo de perceção sobre elas, do cliché à origem, do estereótipo à singularidade, do travesti à pessoa.
São imagens que entraram desde há muito no nosso jogo de perceção: a ideia de juventude; a ideia de felicidade; a ideia de tristeza; a ideia de capital; a ideia de inocência; a ideia de guerra, etc. Exemplares recetores-emissores, a sua incessante produção distancia-nos do questionamento que lhes é inato, do seu significado, criando no limite uma barreira que neutraliza a nossa relação com o tempo. É o espaço da leitura única, da familiaridade, que evidencia uma tendência para imprimir às grandes banalidades da vida um caráter venerável ou sublime.
Quando em 19231 Freud recupera de Georg Groddeck o termo id, define-o como uma das estruturas da mente, um instinto primitivo que estimula o Ego para a busca de um equilíbrio perdido, ou para simplificarmos, para a busca de prazer. Freud esclarece ainda que a satisfação de que o Ego necessita, pode ser realizada através do recurso à fantasia (Phantasie em alemão), isto é, sem ter correspondente na ação. Para o id, o exercício da ficção, enquanto simulação e enquanto criação, é indispensável.
Pele, dinheiro, natureza, drogas, multidões. Readquiridas, ampliadas e sobretudo rasgadas, Pedro Gomes interroga o sentido de limite destas imagens e de todas as que na sua senda povoam a contemporaneidade. E propõe que olhemos para elas como paisagens. Criando espaço, o caráter tensional destas imagens dá lugar à contemplação. Somos forçados a parar e a reavaliar algo que contudo é imediatamente reconhecível, e a fazer face a toda uma série de significados que não pertencem apenas ao domínio do pictórico.
Duas séries de trabalhos são apresentadas: uma de desenhos a grafite sobre madeira que dá o nome à exposição e uma série de fotografias na continuação do trabalho apresentado em maio no Pavilhão Branco do Museu da Cidade.
PEDRO GOMES vive e trabalha em Lisboa.
Realizou o Mestrado em Escultura no Chelsea College of Art, em Londres e estudou Artes Plásticas no Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual em Lisboa. Expõe individualmente desde 2001, de onde se destacam: Campo Grande, Pavilhão Branco do Museu da Cidade (2011); Amnésia, Galeria 111, Lisboa e Porto (2009); TEC. (2008), no Museu da Eletricidade, Lisboa; From Combat to Leisure (2008), Museu de Arte Contemporânea de Elvas; Imagens Impressas (2007), Galeria Filomena Soares, Lisboa; Ter (2005), Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa) e Museu Grão Vasco (Viseu),; Controle Remoto (2001), Museu de Arte Contemporânea, Funchal. O seu trabalho encontra-se presente em diversas coleções públicas, tais como: Fundação Calouste Gulbenkian, Coleção António Cachola, Coleção EDP, Museu de Arte Contemporânea (museumac) e Coleção Manuel de Brito.
Entrada actualizada el el 26 may de 2016
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