A mostra é resultado de um Prêmio de Residência Artística do Instituto Sacatar (Ilha de Itaparica), onde Giovana, que foi premiada também em 2008 com o Projeto 'Imanências do Mar', desenvolveu seu novo projeto em junho e julho de 2010. Reúne cinco trabalhos que integram uma vídeoinstalação, aproveitando o instigante espaço da Galeria da Mansarda, no Palacete das Artes, em que a artista chama a atenção para movimentos produzidos em certos objetos pelo vento e pela água, que vão se apresentar nas imagens em vídeo como metáforas de dois aspectos opostos da vida cotidiana: 'peso' e 'leveza'.
'Aprofundando a idéia de contraste e inversão, o peso pode nos revelar uma face: a de nos colocar de frente à nossa própria história que é tomada com firmeza e se torna elemento suscetível a mudanças que podemos operar. A leveza por outro lado, pode nos induzir ao estado de letargia', afirma a artista.
Giovana...dialoga com o texto de Milan Kundera, 'A insustentável leveza do ser', buscando não uma interpretação, releitura, ou ilustração do romance, mas um alinhamento de idéias, tomando a relação peso-leveza como um princípio do trabalho. A artista ressalta a ação direta das imagens que compõem a exposição sobre o espectador, de modo que ele desvie o fluxo comum do pensamento e possa aderir a novas percepções através da observação da obra visual-sonora em primeira instância.
Para compor a idéia de peso e leveza nesta mostra, Giovana utiliza a imagem em movimento, que apresenta uma suposta leveza, como princípio que compõe a base do trabalho. As imagens dos cata-ventos foram capturadas por ela em janeiro de 2010, numa pequena vila do município de Aracati, interior do Ceará, outras foram produzidas em Salvador e durante o seu período de residência artística no Instituto Sacatar.
Segundo Giovana, 'Neste trabalho, a relação peso-leveza se distancia do tradicional dualismo - situação em que ambas as naturezas se revelam sem interseções. Aqui, peso e leveza aparecem não como oposição, mas como paradoxo, que nos impõe uma relação tensionada pela impossibilidade de um ou outro existir isoladamente. Vem instaurando um entre espaço de reflexão, de potência, construção e de geração de sentido'.
A obra 'DESIGUAL-EM-SI: ALGO SOBRE O TEMPO', é uma vídeoinstalação composta por 3 projetores, apontados para diversas direções, com imagens em movimento projetadas ao mesmo tempo, com durações e andamentos variáveis, de um velho cata-vento de madeira. O enquadramento mantém visível apenas o giro das suas pás, que emitem um som próprio de algo pesado como rangido, criando um espaço que solicita a participação do visitante.
A 'INSUSTENTÁVEL LEVEZA' é constituída por uma imagem em movimento de uma mulher vestida de noiva, se deslocando na superfície da água do mar de Itaparica. Para realizar essa instalação Giovana trabalhou com Jamie Diamont, escritora de Los Angeles, integrante do grupo de artistas residentes no Instituto Sacatar, do qual Giovana participou em 2010. Com tomadas de topo, a artista registrou partes do corpo de Jamie, que vão saindo gradativamente do enquadramento gerando um estado de incômodo visual, em que o expectador vai manter o olhar na personagem, na sua expressão, num ambiente de fluidez líquida da água.
A abertura da exposição contou com uma performance da vídeo artista, atriz, dançarina alemã, Parisa Karimi, que fez Residência Artística no Instituto Sacatar em 2011. O evento também vai promover uma visita guiada com a artista Giovana Dantas no dia 25 novembro às 14:00h e uma mesa redonda com as professoras Cleise Mendes da Escola de Teatro e Mariela Brazón da Escola de Belas Artes da UFBA no dia 02 de dezembro às 15:00h no Museu Rodin.
A artista baiana Giovana Dantas é graduada em Artes Visuais e Doutora em Artes Cênicas pela UFBA e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Fez várias exposições individuais na Bahia, Brasília, São Paulo e Curitiba.
Entrada actualizada el el 26 may de 2016
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