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O Museu de Arte Sacra de São Paulo abre Luz da Fé - Fotógrafos Brasileiros Anos 80, mostra com 49 fotografias realizadas nos anos de 1980 que retratam a devoção do povo brasileiro através de imagens de procissões, festas e outras representações de caráter religioso.

A exposição, com curadoria de Paulo Klein, é um recorte de Andores, Opas e Anjos: Passa a Procissão, organizada por Pe. Antonio de Oliveira Godinho, exibida no mesmo museu em 1985. Luz da Fé - Fotógrafos Brasileiros anos 80 traz registros fotográficos que estavam nessa mostra, de autoria de 12 nomes significativos do segmento, tais como Adenor Gondim, Aristides Alves, Cláudio Versiani, Edu Simões, Juca Martins, Miguel Chikaoka, Nair Benedicto, Paulo Leite, ... Pedro Vasquez, Penna Prearo, Ricardo Malta e Rosa Gauditano.

Entre os principais objetivos do curador para a mostra está o resgate do aspecto temático das imagens ligadas à religiosidade, observando a poética e os elementos estéticos de fotógrafos que atuavam em diversos setores da fotografia brasileira no período.

As fotografias escolhidas para compor a nova mostra do museu exibem celebrações diversas, retratando diferenças e semelhanças socioculturais e de expressões de fé de um mesmo povo. Citando apenas algumas, temos um ato ecumênico no Rio Araguaia, as procissões de Nossa Senhora das Grotas em Juazeiro/BA, da Sexta-Feira Santa em Itapevi/SP, da Nossa Senhora do Rosário em Serro/MG, do Senhor Morto em Monte Santo/BA, e a Festa do Divino em São Luiz do Paraitinga/SP, entre outros. Apesar dos inúmeros contrastes regionais, essas imagens possuem elementos que atestam serem essas manifestações de fé: velas, estandartes, trajes típicos e imagens religiosas.

'Essa tradicional forma de devoção, que representou no passado remoto, e mesmo recente, uma das profundas manifestações do espírito religioso nacional, quer pelo seu caráter litúrgico, quer por seu teor popular, sempre suscitou formas de criatividade que confinam com o espetáculo em seu sentido mais abrangente', diz Pe. Godinho no texto da exposição de 1985.

Luz da Fé - Fotógrafos Brasileiros Anos 80 tem como cerne fotografias de manifestações populares, que vem se perdendo ao longo dos anos, fato este, aliás, já apontado por Pe. Godinho à época da exposição que organizou, há quase três décadas. A comunicação com o sagrado, que pode ser representada pela chama de uma vela, como sugere o título, é o tema que permeia essas obras. Luz da Fé visa contribuir com a memória da devoção brasileira para que ela não se perca, para que a chama dessa vela não se apague.

Os fotógrafos:

Adenor Gondim (Rui Barbosa/BA, 1958), filho de fotógrafo, iniciou carreira trabalhando com o pai. Mudou-se para Itabuna e mais tarde para a capital Salvador, onde concluiu curso superior de Biologia, após o qual voltou a dedicar-se à fotografia. Atualmente considerado um dos principais documentaristas do Estado, começou a construir essa trajetória pesquisando o modo de vida e a religiosidade do povo baiano, tendo feito um vasto trabalho na Irmandade da Boa Morte.

Aristides Alves (Belo Horizonte/MG, 1949) reside em Salvador desde 1972. Formou-se em Biologia em 1978 e Jornalismo e Comunicação em 1985 pela Universidade Federal da Bahia. Atua intensamente no ramo da fotografia desde os anos 70, tanto como fotógrafo quanto como agitador cultural, curador e ensaísta. Teve trabalhos publicados em veículos como Veja, Jornal do Brasil, Elle, República, Bravo! e IstoÉ, além de trabalhos publicitários e editoriais.

Cláudio Versiani (Belo Horizonte/MG, 1954) é jornalista há mais de três décadas, formado pela PUC/MG, com passagens por alguns dos principais veículos do país, em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, onde viveu de 1987 até 2002. Começou a fotografar em 1978. Seu trabalho como fotógrafo já lhe rendeu vários prêmios nacionais e internacionais, como o Líbero Badaró, Nikon Awards e o Abril de Fotojornalismo.

Edu Simões (São Paulo/SP, 1956) iniciou sua carreira como fotojornalista em 1976. Fez parte da equipe da revista IstoÉ como editor assistente de fotografia. Em 1988 começou a atuar como autônomo e foi editor de fotografia da revista Goodyear. Em 1997 tornou-se editor de fotografia das revistas Bravo! e República. Seu trabalho 'Gastronomia para um dia de trabalho duro' foi exibido em 2011 no FotoRio e na Maison Européenne de la Photographie, em Paris.

Juca Martins (Barcelos, Portugal, 1949) mudou-se para o Brasil em 1957. Fez curso técnico em impressão gráfica e laboratório fotográfico na Editora Abril, em São Paulo, entre 1967 e 1969. Trabalhou em veículos como Folha de São Paulo, Jornal da Tarde e Última Hora. Juca Martins também fotografou conflitos internacionais por conta própria, como a guerra de El Salvador e a guerra do Líbano. Atualmente, é editor e fotógrafo da agência Olhar Imagem, da qual é fundador.

Miguel Chikaoka (Registro/SP, 1950) é engenheiro eletrotécnico graduado pela Unicamp. Deu início à carreira de fotógrafo em Nancy, na França, onde morou de 1976 a 1979. Instalou-se em Belém do Pará, em 1980, onde se engajou como fotógrafo nos movimentos políticos e culturais. Atualmente, dirige a Agência Kamara Kó Fotografias, da qual é sócio-fundador, e trabalha com reportagens e documentários com foco nas cenas da Amazônia.

Nair Benedicto (São Paulo/SP, 1940) formou-se em Rádio e Televisão pela USP em 1972, ano em que iniciou sua carreira de fotógrafa profissional, trabalhando para a Alfa Comunicações. Em seu trabalho como fotógrafa, Nair Beneticto modificou com enorme sensibilidade a visão que se tinha das classes minoritárias, fotografando a cultura popular noturna, embrenhando-se em forrós populares. Foi uma das fundadoras da Agência F4, uma das primeiras de fotojornalismo do Brasil, em 1979.

Paulo Leite (Rio de Janeiro/RJ, 1949), fotógrafo desde 1969, iniciou sua carreira na revista Manchete. Mudou-se para São Paulo em 1977, onde trabalhou nos jornais O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Folha de São Paulo e na revista IstoÉ, além de colaborar em outras publicações. A partir de 1987 passou a atuar como fotógrafo independente, colaborando com publicações institucionais e projetos editoriais, além de desenvolver ensaios de expressão pessoal de fotografia documental.

Pedro Vasquez (Rio de Janeiro/RJ, 1954) estudou jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Na França, onde viveu de 1974 a 1979, assinou capas de disco e programas de teatro, além de ter publicado fotografias em revistas. Formou-se em cinema pela Sorbonne em 1976. Com vasto currículo, já atuou como assistente de fotografia de moda, como correspondente internacional, curador, crítico de arte, fotografia e cinema, professor e editor de fotografia, entre outras atividades.

Penna Prearo (Mailasky/SP, 1949) é autodidata e dedica-se profissionalmente à fotografia desde 1972, atuando nos campos da fotografia editorial e de publicidade. Produziu capas de disco e colaborou com diversas revistas e agências de publicidade. Entre 1990 e 1993 foi responsável pelo estúdio fotográfico do jornal Folha de São Paulo. Em 1999 recebeu o Prêmio J. P. Morgan de Fotografia. Já expôs individualmente pelo Brasil e participou de coletivas nacionais e internacionais.

Ricardo Malta (Volta Redonda/RJ, 1956) fotografa profissionalmente desde 1976. Colaborou com as principais publicações nacionais e internacionais, como Time, Newsweek, The New York Times e National Geographic. Em 1992 atuou como diretor de fotografia do vídeo experimental 'Poeta bom é poeta morto', de Clauf Rodrigues, e, desde então, dedica-se profissionalmente à fotografia e ao vídeo, realizando programas institucionais e campanhas do governo para a televisão.

Rosa Gauditano (São Paulo/SP, 1955) cursou jornalismo nas Faculdades Integradas Alcântara Machado e na Fundação Cásper Líbero e fotografia na FAAP. Tem fotos publicadas em revistas como Veja, IstoÉ, Claudia, Quatro Rodas e Caras, nos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Folha da Tarde, Diário Popular e Notícias Populares, nos jornais italianos Corriere della Sera, L'Unitá e La República e nas revistas italianas Tutto Turismo, Panorama e Oggi.