A exposição Pintura de Bolso exibe uma série de 90 telas no formato 10 x 15 centímetros criadas por Paulo Pasta nos últimos dois anos. A abertura marca, também, a inauguração do terceiro espaço expositivo da Millan em São Paulo.
Inédito em sua produção, o formato diminuto levou o artista a revisitar questões caras a sua produção nas últimas quatro décadas e, a partir desse processo de síntese e pesquisa, abrir novas possibilidades de experimentação. Como diz o escritor e crítico literário Davi Arrigucci Jr. em texto – também conciso e preciso – publicado no livro que acompanha a exposição, a busca de todo artista é que “o ilimitado caiba no mínimo”. As pinturinhas que Pasta vem realizando têm exatamente essa capacidade de condensação entre a desmesura e a concisão.
A montagem de Pintura de Bolso evidencia a força individual desses trabalhos ao mostrá-los isoladamente ou em pequenos agrupamentos, como manchas de...cor distribuídas no ambiente da galeria, evocando conversas ou notações musicais. “Você nunca faz duas pinturas iguais”, diz o pintor parafraseando Heráclito, e sublinhando que há sempre uma diferença mínima que aparece no aparentemente igual, testemunhando assim o valor do tempo.
Doutor em Artes Plásticas pela Universidade de São Paulo, SP (2011) e um dos principais pintores de sua geração, Paulo Pasta (1959, Ariranha, SP) já realizou exposições individuais em diversos espaços como: Millan, São Paulo, SP (2021, 2018, 2015, 2012, 2007); David Nolan Gallery, Nova York, EUA (2022); Cecilia Brunson Projects, Londres, Reino Unido (2022); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2018); Palácio Pamphilj, Roma, Itália (2016); Sesc Belenzinho, São Paulo, SP (2014); Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS (2013); Centro Cultural Maria Antônia, São Paulo, SP (2011); Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ (2008); Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2006); entre outros. Suas obras integram diversas coleções, entre as quais: Museo Reina Sofía, Madri, Espanha; Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP; Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP; Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, RJ; Kunsthalle Berlin, Alemanha; Kunstmuseum Schloss Derneburg, Hall Art Foundation, Holle, Alemanha; e Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP.
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Estar preso numa casca de noz e, ainda assim, imaginar-se rei dos espaços infinitos, pode ser mais que um sonho de Hamlet. Será, talvez, a busca tentadora de todo artista: a de que o ilimitado caiba no mínimo. Paulo Pasta, de olho no presente, mas contido pintor de colunas imemoriais, arrisca-se a condensar o infinitamente grande no infinitamente pequeno, feito imagem concreta e concentrada da vida em resumo. A poesia que sempre acompanha seu traço sutil no enlace das cores em indizível contraste, retorna agora para nos dizer que também a pintura de bolso pode ser, como no poema, a arte de comprimir num instante propício o todo no uno.
— Davi Arrigucci Jr., 2023
Entrada actualizada el el 14 abr de 2023
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