Assim designa Carlos Mateus, Pintor, a sua primeira exposição individual na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.
Com formação académica em âmbito bem distinto, é nesta Instituição que tem vindo a afirmar um pensamento e prática pictural de fidelidade a si mesmo, em progressivo movimento que vai de inicial expressionismo cromático e figural, a registos de mais sóbria elaboração. Neste processo, se há referência a outros artistas, a partir de um determinado momento, quer por íntima certeza quer por expandida atitude reflexiva, acontece providencial encontro com a Obra maior de Pierre Soulages (1919/2022 – Rodez, França).
Em Carlos Mateus, a largueza gestual e a pesquisa, encontram suporte em instrumentos de fabrico próprio, proporcionando indispensável controle sobre telas de grande dimensão e são acompanhadas de elaborada escolha do material pictural (tintas/vernizes/telas), proporcionando diferentes gradações e texturas.
As misturas ensaiadas, caminham de modo deliberado no exercitar dos “negros”; na intervenção de...azuis profundos; no recobrimento textural; no acertado e decidido gesto matérico.
Como afirma o renomado historiador Michel Pastoureau, a cor é um fenómeno social, pelo que a Obra de Mateus, que se insere no contexto de valorização de cores, como o Branco e o Preto (a partir de 1910), assume em pleno essa possibilidade, reatualizando o prazer de ver Pintura.
Pintor Jaime Silva
Novembro de 2023, Lisboa
Entrada actualizada el el 09 nov de 2023
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