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Warley Desali, Froiid K, Daniel Toledo, Paulo Nazareth e Marco Paulo Rolla. CUBO REINVENTADO os convidou a explorar a figura do cubo de modo livre, especulando a seu respeito e colocando-a em crise. Ocupação, apropriação, desconstrução, destruição: re-invenção - como nos propôs Hélio Oiticica - desta figura tão emblemática na história das artes visuais. Emblemática, pois um dos sentidos do referido sólido na estética remete-nos diretamente ao lugar de enunciação de parte considerável da arte moderna e contemporânea: a galeria, separada da vida cotidiana.

Aqui, portanto, o lugar de enunciação torna-se o enunciado, a forma o fundo: o que será dito deverá dialogar com a forma por meio da qual se diz. A proposta do grupo Espanca! em oferecer seu espaço à ocupação é, portanto, desdobrada como ... eixo temático com o qual cada artista dialogará - todavia, de forma irredutível: estabelecendo um contato com o tema, mas se colocando, também, além dele. O ato de ocupar o espaço, preencher a forma, dar volume ao vazio ou significado ao significante será postulado enquanto tal; e os artistas retirarão deste ato suas implicações políticas, sociológicas, históricas, existenciais ou ontológicas. Abordar sua própria condição é uma forma da arte se abrir à vida.

O coletivo Piolho Nababo - como se autodenominam Desali, Foiid e Daniel desde o primeiro Leilão, há 12 edições - toma, de modo radical, o mercado da arte como objeto de discussão, problematizando o sistema de circulação dos objetos artísticos, sua arbitrariedade normativa/valorativa e seus códigos. Paulo Nazareth, por sua vez, parte ao meio o espaço expositivo que ocupa, convidando o público a caminhar pelas margens, pelas bordas do cubo, em correlação ao tema do seu trabalho: a abordagem do lado esquecido, marginal da História, aquele que não ocupa o lugar dos feitos ilustres: a História, por fim, dos vencidos. E, finalmente, Marco Paulo Rolla, por meio da composição de esculturas de corpos e de móveis, propõe unidades de mensuração dos volumes presentes no espaço expositivo como forma de nos localizar (ou deslocar) ontologicamente no mundo.

CUBO REIVENTADO consiste, por fim, em uma colaboração com artistas que problematizam o mundo de forma inquietante. Suas produções instigam, de diferentes maneiras, o pensamento e o questionamento sobre o nosso modo de vida. Assim, compartilhamos a consciência da necessidade de proposições para reinventarmos o nosso real, abrindo a imaginação a outras formas de habitar o mundo, tarefa que a arte não cansa de desempenhar.

(Marina Câmara)

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O desejo de acompanhar o pensamento e as práticas artísticas contemporâneas, de confrontar propostas e discutir o estado da arte em Belo Horizonte, determinou o aparecimento de uma cena independente ativa na cidade, à qual pertencem inúmeros coletivos de artistas e que formam uma instância paralela. Muitos se assumem como agentes artísticos construindo um percurso autônomo e mostrando como os espaços expositivos se expandiram.

Estes projetos alternativos acontecem através de ocupações de espaços, alguns deles devolutos, como o Teatro Espanca, que em 2010 transferiu-se para um edifício no hipercentro da cidade e que agora abre suas portas para receber propostas de ocupação artística.

É louvável a dedicação do Espanca na divulgação e fomento das novas linguagens nas áreas da encenação e da dramaturgia e na sua relação com a música e as artes plásticas, como se constatou com a abertura de um edital que, antes de mais, promove uma dinâmica cultural experimentalista cruzando disciplinas distintas.

Deste modo, não faria sentido a realização de um projeto dissociado do espaço que o acolhe. Cubo Reinventado leva em conta as características e limitações físicas da arquitetura do teatro, sua localização geográfica e o contexto local e artístico em que se enquadra, mas também a atuação dos artistas revelou-se contribuição determinante para o seu desenvolvimento. A sede do Espanca converte-se em espaço expositivo e em contentor de outras experiências, um grande cubo interativo que se adapta às situações criadas pelos artistas - Warley Desali + Froiid K (em colaboração com Daniel Toledo), Paulo Nazareth e Marco Paulo Rolla - que ao longo de doze dias irão sobrepor suas linguagens artísticas e conteúdos estéticos.

Seguindo a premissa inicial - um cubo itinerante, desmontável, adereço de cena que irrompesse seu perímetro para incorporar a arquitetura, se transformasse em câmara escura para receber um vídeo ou numa caixa de som para abrigar uma instalação sonora - Cubo Reinventado se reinventou, multiplicou e apropriou-se de distintos recursos e linguagens, enunciando reflexões críticas em relação às condições da atual produção artística. Aberto a leituras, mudanças e cruzamentos conceituais entre artistas de diferentes gerações, o projeto se desdobrou num ciclo de três intervenções de caráter temporário, envolvendo uma série de ações tangentes às exigências da companhia em seu compromisso com o público de Belo Horizonte.

(Inês Grosso)