Exposición en Lisboa, Portugal

Qual é a Coisa, Qual é Ela

Dónde:
Filomena Soares / Rua da Manutençao, 80 / Lisboa, Portugal
Cuándo:
12 mar de 2020 - 31 jul de 2020
Inauguración:
12 mar de 2020 / 15:00
Precio:
Entrada gratuita
Organizada por:
Artistas participantes:
Enlaces oficiales:
Web 
Descripción de la Exposición
A artista Sara Bichão inaugura no próximo dia 12 de março a primeira exposição individual na Galeria Filomena Soares Qual é a Coisa, Qual é Ela. A exposição conta com texto de Marta Mestre, transcrito a baixo, e foi produzida em parceria com a Artworks, no âmbito das Residências Artísticas “No Entulho”. ------------------------------------------------ “What is the thing, what is it? O trabalho de Sara Bichão desencadeia o manso e o violento que acontece a partir do limiar da linguagem. Tem a dualidade de uma lenga-lenga, a incompletude de uma charada, a flutuação de uma poesia, a interrupção da gaguez. O espaço que inscreve é tão luminoso e solar quanto sombrio e devastador, não existindo um enquadramento textual definitivo ou uma narrativa fechada. “What is the thing, what is it?” é isso mesmo, uma pergunta sem resposta, que nos reenvia à infância, à inquietação filosófica precocemente sentida. Mais do que uma exposição, temos diante de ... nós uma paisagem que precisa ser percorrida para existir como um todo. Aqui e além, os significados e os significantes flutuam sem aderir totalmente uns aos outros (a língua trava), fazendo-nos experimentar uma espécie de orfandade da linguagem em relação ao real. Os objetos, que começam por ser comuns, logo se revelam incomuns, manifestando-se como se não tivessem as propriedades que habitualmente lhes atribuímos: uma vassoura que não varre (antes é um vampiro), um tubo de metal onde aflora uma boca (nada sai, tudo some e desaparece), uma sombrinha amarela que “sobe de cabeça para baixo” ou os belíssimos canivetes suíços, sangrando melancolia. Absolutos na sua falta de empatia, estes objetos carregam qualidades plásticas que desafiam quaisquer acomodações em categorias fechadas. Quanto mais incompletos maior a sua capacidade lírica, quanto mais técnicos mais sentimos que são orgânicos. “Perigosíssimos”, assim descreve Sara Bichão a intensidade dos estragos físicos e morais que alguns destes objetos são capazes de provocar. Feridas, cortes, dores, asfixia, constrição, entre outros - a natureza dos materiais como que regulada por razões de ordem ética. Não me recordo deste tipo de acuidade em tantos outros artistas!... Em contrapartida, o animismo latente de “What is the thing, what is it?” pode ser percebido como uma tentativa de superar o dualismo da racionalidade clássica, ganhando sentido o “storytelling” [narração de histórias] no rearranjo das relações entre sujeitos e objetos, entre humanos e não-humanos. A ideia de decifração está, portanto, fora de questão nesta exposição, assim como em todo o trabalho de Sara Bichão. Existem chaves de leitura, é certo, como o glossário que a artista elaborou para “What is the thing, what is it?”, mas nada garante que abra à clarividência. Cada objeto tem uma gramática irredutível, parece dizer-nos a artista, ecoando Clarice Lispector em Água Viva (1973): “Quem for capaz de parar de raciocinar - o que é terrivelmente difícil - que me acompanhe”. E como não lembrar do estranho universo de O Alienista (1882) de Machado de Assis a propósito dos títulos de Sara Bichão? “O alienista procedeu a uma vasta classificação dos seus enfermos. Dividiu-os primeiramente em duas classes principais: os furiosos e os mansos; daí passou às subclasses, monomanias, delírios, alucinações diversas”. Nesta paisagem, o desenho e a cor cumprem um papel decisivo. São como fios invisíveis que lhe dão estrutura e densidade. Sara Bichão tem uma habilidade gráfica incomum nos dias de hoje, uma época em que o desenho praticamente deixou de ser uma mediação para a realização de obras de arte, sejam elas pinturas, esculturas ou instalações. Vemo-lo enquanto pensamento ativo de domínio dos objetos, surgindo para sublinhar ou amansar a violência do metal, da chapa e das arestas vivas das peças - sintoma de um mundo invisível em ação na materialidade. Quanto às cores, essas distribuem-se numa paleta de espectro meigo a ruidoso e dinamizam a exposição, criando musicalidade. Tanto podem localizar-se em breves apontamentos (no caso de “As facas não mordem”) como constituírem o “pathos” de uma cena/ação (como na mesa localizada ao fundo da Galeria Filomena Soares onde se prensa um boneco - um fetiche?). Nesse sentido, a cor e o desenho são sinaléticas de performatividade, qualidades retóricas da emoção física que muitas vezes sentimos ao ver o trabalho de Sara Bichão. E convenhamos que qualquer pessoa verdadeiramente alegre ou triste dificilmente saberá defender dualismos ou categorias racionais para falar do seu estado de alma. “O meu trabalho é afirmação e dúvida” diz-nos Sara Bichão. Naturalmente teria de ser assim: a dialética imprescindível que expõe e problematiza pontos centrais da arte contemporânea, e que sobretudo leva adiante uma experiência do mundo repleta de surpresas e revelações. Quanto a nós, resta proteger-nos contra a tortura do enigma que o seu trabalho deflagra, repetindo serena e continuamente “What is the thing, what is it?”.” Marta Mestre, Março, 2020

 

 

Entrada actualizada el el 09 jun de 2020

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