Rita GT articula um percurso entre dois pontos da cidade, ligados através de uma performance que se inicia nos Paços do Concelho e termina no Museu Carlos Machado.
A artista reinterpreta o formato tradicional de uma procissão, refletindo sobre o seu funcionamento, intervenientes e organização, enaltecendo a condição feminina, e repensando a estrutura patriarcal que subjaz a este tipo de manifestações.
Um grupo de mulheres que pertencem a uma irmandade fictícia transportam consigo um conjunto de vasos e talhas em barro, levando-as pela cidade para posteriormente as depositar num espaço museológico, onde permanecem como instalação temporária.
O material e o formato que estes objetos trabalham alicerça uma relação direta entre o que é transportado e o corpo de quem o transporta. A ideia de receptáculo assume uma forma e uma função que se liga à condição feminina, celebrando o elemento que contém e guarda o que é precioso; seja na invocação de uma...perspetiva histórica, onde estes objetos preservavam os bens de sustento do lar, seja na invocação do corpo da mulher, que assume a possibilidade de conter, em si, uma nova vida. Deste modo, na dimensão simbólica que a procissão detém, o papel do poder é resgatado para uma outra esfera, matriarcal, que gera a vida e a sua subsistência.
Entrada actualizada el el 07 jul de 2019
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