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Exposición / Vera Cortês Art Agency [ESPACIO CERRADO] / Av. 24 de Julho, 54, 1º E / Lisboa, Portugal
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Cuándo:
25 ene de 2013 - 16 mar de 2013

Inauguración:
25 ene de 2013

Organizada por:
Galeria Vera Cortês

Artistas participantes:
Catarina Dias

       


Descripción de la Exposición

Havia o preto e o branco. E a Catarina Dias redescobriu o cinzento. É a zona de fronteira, the border, é a zona da condição humana. Porque no nosso pensamento, no da Catarina, no meu, vamos até ao fim da radicalidade, até ao fim onde o pensamento é possível. E é o preto e o branco, são os extremos do pensamento e da realidade. Mas o cinzento é a diluição e é lá que estamos. Repare-se como os seus cinzentos são heterogéneos, manchas diluídas por escolha e por acaso. Ela está aí nas imagens que escolhe e mistura, nos espaços que deixam de estar vazios.

 

A condição humana é a contradição humana. Criadores e destruidores. Fúria e compaixão. Nós próprios estamos entre a interioridade e a exterioridade, impulsionados pelas emoções, sentimentos de morte e sentimentos de vida. E tudo para nós, secreto, escondido, envergonhado. Ou a explodir a preto e branco como faz a Catarina. Quantas paisagens os românticos inventaram! Mas elas estavam lá. Estavam lá? O mesmo século dos românticos é o século da revolução industrial, das ruas escuras, da miséria, das crianças raquíticas. Essa era a exterioridade. Para a Catarina Dias a paisagem humana, a exterioridade violenta, entrou-lhe pelos olhos dentro e operou explosões na sua interioridade. Ela equilibra-se, na fronteira, no border, no cinzento. E mostra-nos, vejam lá, essa violência exterior numa mão e os seus sentimentos na outra. Vejam lá, não tem vergonha. Vejam, porque é para verem o que eu vi e como eu vi, diz-nos ela.

 

Vejo o naufrágio do Costa Concórdia, um paquete, um pacote, de luxo, a deslizar para dentro do mar. Comparo-o com a pintura do 'naufrágio de um cargueiro' de Turner exposto nas Idades do Mar. O naufrágio moderno é frio, correcto, o barco faz de conta que é barco ainda. É clean, asséptico, a destruição está submersa. O de Turner é dramático, revolto, é ainda o mar cheio de força, as ondas são ondas e a destruição é grandiosa. A exterioridade agora é raro que nos chegue directamente. Não vemos directamente o mar, como o Turner, nem vemos o mar que nos contam como os românticos. Vemos o mar que nos trazem a casa nos écrans, as imagens reproduzidas sem fim, que a Catarina aumenta e aumenta e nos põe diante dos olhos. Como as imagens de morte e revolta que nos trazem a casa. Não vejo da janela. Vejo-as nos seus grandes panos, que são sofridos, recortados, impressos, pintados, colados, um patchwork contemporâneo, não já o dos longos dias das mulheres do Oeste mas o das longas noites de uma mulher urbana.

 

Sem olhos para ver, o macaco que já fomos, não vê nada. Dois buracos. Para os olhos que temos hoje, para o cérebro cheio de circunvoluções a que chegámos, a Catarina mostra-nos esse mundo em derrocada, onde só pode haver revolta. E há revolta porque há vida! A Atenas deste momento, injustiçada pela história da guerra, ocupada, vendida, sem que os velhos e as crianças possam comer os submarinos que foram obrigados a comprar. Nenhuma revolta será suficiente para fazer esquecer a injustiça e a hipocrisia. Tal como nenhumas pedras compensarão as derrocadas, os bombardeamentos, as mortes do país roubado da Palestina, que nos aparece também através das suas imagens. Por trás de tudo o Goldman Sacks vela por nós, oculto, automático, como uma mancha que avança e corrói corpos humanos. Que dor! E nós sem sabermos nada mais que gritar e afastar do écran da televisão este retrato que de nós tiraram.

 

A vitória que nos resta é a do Obama. Reduzida à sua expressão simbólica e à nossa e dele impotência. E para os pobres da terra não há mais que uma batata, sempre e repetidamente a mesma batata, ameaçada por inesperados escaravelhos.

 

No outro lado do mundo uma mulher indiana da construção civil transporta à cabeça uma grande pedra, milhares de anos depois do ser humano ter inventado a roda. Transporta o mundo.

 

E nós todos que estamos a ser transportados pelas manhas de uns e pela fragilidade de outros, não temos alternativa senão olhar com esperança este caminho. Abrir os olhos. E esse é o gesto primeiro: encontrar o fio que mostra o percurso deste labirinto, onde nos meteram e onde nos metemos. Já se ouve o som destes pretos, brancos e cinzentos.

 

Este grito é o nosso silencio.

 


Imágenes de la Exposición
Catarina Dias

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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