Exposición en Lisboa, Portugal

Revoluções

Dónde:
Salgadeiras [ESPACIO CERRADO] / Rua das Salgadeiras, 24 / Lisboa, Portugal
Cuándo:
19 sep de 2013 - 02 nov de 2013
Inauguración:
19 sep de 2013
Organizada por:
Artistas participantes:
Descripción de la Exposición

Desde que se formou no Ar.Co em 2002, Jaime Vasconcelos entendeu a fotografia como uma ferramenta e não um meio que se encerra em si mesmo. Recorre à fotografia como uma matriz, um ponto de partida, ao qual tem vindo a acrescentar sucessivamente diferentes camadas de leitura, tanto ao nível cromático (como na série Viagens, que esteve na génese desta afirmação autoral), como ao nível de texturas (visível na sua mais recente série 'De passagem'). O seu processo criativo continua numa fase e num tempo posteriores ao momento captado pela máquina fotográfica. Esta questão do tempo e do descolamento da realidade fotografada é, aliás, fundamental no seu trabalho artístico. Prossegue o seu caminho com recurso a ferramentas digitais que lhe permitem extravasar e recriar essa mesma 'realidade', introduzindo outros elementos sejam eles a cor, o re-enquadramento, ou o próprio gesto humano pictórico. Uma aproximação à pintura através da ... fotografia. Uma procura de novas formas pictóricas, relativas à pintura e à imagem, que é uma das grandes temáticas da nossa contemporaneidade, no mundo da arte. Contudo, como refere Alda Galsterer no texto da exposição 'Viagens': 'ficando sempre fiel ao seu percurso e procura artísticas, criou obras que se encontram entre a fotografia e a pintura, entre o conto e o encontro'.

 

Colabora com a Galeria das Salgadeiras desde 2003.

 

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Conta-me histórias da História, percorrendo as terras desde o Oriente ao Ocidente, começando no ano 500 a. C. até 1974. Encontramos momentos que conhecemos e que pertencem à nossa herança cultural, como a Revolução Francesa ou o 25 de Abril, outros de que remotamente nos lembramos, como a revolução de Atenas, outros ainda que, para a grande maioria de nós, são agora revelados por Jaime Vasconcelos. Aqui impõe-se a primeira pergunta: porquê estes momentos? Que os une e que mensagem está subjacente a todos eles? Alerto a navegação de que a resposta carece de mais tempo, não bastará olhar, com toda a atenção que estas obras merecem, e que é muita. Haverá que voltar a casa, pegar nos livros, pesquisar na internet ou num canto sossegado de uma biblioteca, e conversar muito entre nós. Da conversa, no seu sentido mais nobre, sairão as respostas que cada um quiser encontrar. Este, atrever-me-ia a dizer, será o objectivo principal desta série de Jaime Vasconcelos: sem qualquer moralismo nem pretensão, pôr-nos a pensar na História, a conversar sobre os séculos que levamos de existência, para assim podermos, porventura, compreender o mundo que temos agora e o que dele podemos fazer para que seja um lugar melhor. É notável e ambicioso, porém, como aqui todos testemunhamos, é possível.

 

Em «Revoluções», Jaime Vasconcelos re-afirma essa perspectiva etnográfica da Arte, defendida por tantos intelectuais e críticos, de que destaco Hal Foster e o seu ensaio 'The Return of the Real'. Estas imagens, resultantes da sua interpretação dos acontecimentos históricos, têm essa força, fazem-nos regressar a uma realidade construída com guerras, rebeliões, revoltas, revoluções. Suor, sangue, lágrimas, risos. Vitórias e perdas. Pessoas que num determinado momento juntaram as suas forças e vontades e foram à conquista de uma causa comum: os seus direitos. Nos dez momentos que Jaime Vasconcelos escolheu para esta série há um aspecto comum que revela, desde logo, a perspectiva política inerente a este seu trabalho: estas revoluções vieram de baixo, à terra foram buscar forças para a sua luta, e daí nasceram novos conceitos e mundos. Essa convicção profunda, no seu sentido mais humanista e, não raras vezes, romântico - sempre regresso ao romantismo para falar da obra de Jaime Vasconcelos -, faz girar o mundo e comanda, além do sonho, a vida.

 

Precisamente falando de vida, surge um segundo aspecto que importa revelar e que poderá ser o pretexto para mais umas quantas conversas e reflexões sobre a nossa História. Tal como do chão nascem os frutos da sementeira, as revoluções podem, em certa medida, e atenda-se aqui também a uma leitura subjectiva do artista, ser consideradas como sementes que mais tarde serão colhidas, disseminando o ideal 'revolucionário' para as gerações vindouras. Ainda hoje, mais de dois séculos passados sobre a Revolução Francesa, lutamos pela afirmação, concreta e consequente, do seu lema: 'Liberdade, Igualdade, Fraternidade'. No sentido figurado, uma revolução consiste em 'insurreição que tende a modificar a política ou as instituições de um Estado'. Como tal, ainda que ocorram num determinado momento, a sua assimilação tarda. É preciso tempo para que novos valores se sublevem nas sociedades, sempre feitas de hábitos. Lançadas as sementes, não basta ficar de braços cruzados à espera que floresçam. Há que cavar a terra, madrugar para lhes dar alimento, regar quando o sol aperta - e bem que o 'sol' tem escaldado nos tempos que correm. Cuidar, cuidar muito. Para Jaime Vasconcelos, as sementes já cá estão desde o ano 500 a. C. Como tratá-las? Essas respostas, múltiplas, cabem a cada um de nós, de preferência partilhando-as com os (nossos) outros. «Revoluções» pode ser um momento de silêncio, de quietude, de reflexão. Uma pequena pausa porque, como dizia o Padre António Vieira, se formos depressa, a alma fica para trás.

 

ANA MATOS

Lisboa, Setembro 2013

(Ana Matos escreve de acordo com a antiga ortografia)

 

 

 
Imágenes de la Exposición
Jaime Vasconcelos, 2011

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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