Exposición en Rio de Janeiro, Brasil

Sobre Como as Coisas Caem

Dónde:
Anita Schwartz / Rua Jose Roberto Macedo Soares, 30 - Galvea / Rio de Janeiro, Brasil
Cuándo:
Desde 06 nov de 2019
Inauguración:
06 nov de 2019
Precio:
Entrada gratuita
Artistas participantes:
Descripción de la Exposición
“Sobre como as coisas caem”, com obras inéditas da artista Daisy Xavier, com pinturas em grande formato, em pó de ferrugem, folha e fios de latão, ácido, petróleo e ecoline sobre tela, desenhos com diversos materiais (muitas vezes os mesmos usados nas pinturas), monotipias, e 100 esculturas em metal, articuladas, que junto com uma casa de vespa formam uma grande instalação que leva o nome da exposição. Daisy Xavier conta que o título foi extraído de uma passagem do livro “Sete lições de física”, do físico italiano Carlo Rovelli, que aborda a questão da queda passando pela teoria da relatividade de Einstein até a física quântica. A artista explica que este conceito “rege todas as obras”. Ela ressalta que se interessa pela questão da queda em um “sentido muito amplo”, tanto do ponto de vista da física, “que vem desde Aristóteles”, até a “corrosão em toda a materialidade, pele, metais ... e mesmo no percurso de vida e morte, das coisas irem caindo, se despencando, se corroendo”. “Me interessa muito também a queda no mundo contemporâneo, dos valores, dos sentidos, dos parâmetros que estão se perdendo, como se o futuro tivesse um vetor de as coisas irem se dissolvendo. Vamos precisar pensar com novos parâmetros, porque os já estabelecidos, de espaço e tempo, estão se dissolvendo”, afirma. Ela ressalta que vê a dissolução “com bom sentido, sem nostalgia nenhuma. “O que dá problema é se resistir à evolução”, afirma. “Me interessa mais acolher, do que resistir à questão da queda”. Para ela, “o grande problema não são as coisas se dissolvendo, mas as resistências que se faz a isso. Esse movimento regressivo tenta conter essas mudanças. Dessa resistência vem racismo, vem todo esse excesso de religiosidade, esse moralismo que estamos vivendo. A arte é uma bela ferramenta para acompanhar essas quedas, essas mudanças”. ARQUITETURA HUMANA X ARQUITETURA DOS INSETOS O disparador dessas questões se deu quando a artista acompanhou a construção de seu ateliê em meio à mata na serra de Petrópolis. Lá pode confrontar a arquitetura humana, em sua grandiosidade de malhas de ferro, de tijolos, de cimento e vidros, com a natureza e seus “sons, insetos, aves, folhas e sementes diferentes, outra configuração de espaço”. Ao ver uma colmeia de vespas que caiu de um fogão de lenha, se maravilhou com sua arquitetura que “parecia um edifício de Gaudí”. “Delicada, precisa, sutil, oposta à monumentalidade da arquitetura humana”. “Uma muito forte, violenta, e a outra muito delicada... as duas me interessam, mas o detonador dessa exposição foi essa experiência de construção e descobertas”, explica. INSTALAÇÃO METÁLICA, VAZADA Presentes desde o início de sua trajetória, em 1992, as redes inicialmente tricotadas, com fio de metal por grandes agulhas de madeira, e depois feitas com ponto de rede de pesca, perderam sua ondulação, e representação quase topológica, gravitacional. O fio de metal, agora esticado, forma ângulos precisos, em esculturas vazadas, transparentes, que, articuladas, compõem uma grande instalação, em três dimensões. “Tem uma coisa mais geométrica, aguda, e me interessa essa agudez desses ângulos”, conta. “Agora é um trabalho mais arquitetônico”. Mas de alguma forma a exposição atual se relaciona com aquelas redes primordiais, que eram penduradas: “Impressionante como tem muita relação com esta agora, muita coisa virada pelo avesso”. “O que gosto é que é vazado e leve, meio flutuando, preparado para cair”, observa. Daisy Xavier incorpora em suas obras sobre tela e papel folhas de metal em que previamente desenhou com petróleo e aplicou ácido, em seu próprio ateliê. Uma placa de metal, matriz de uma gravura criada em um laboratório a partir de uma fotografia de uma semente, estará exposta individualmente. Além de servir de demarcador e isolante nos desenhos em metal antes de receber o ácido, o petróleo é usado também em seus trabalhos como pigmento. “O petróleo emerge das profundezas, está no fundo. Aristóteles dizia que as coisas caíam do mundo ideal no céu porque buscavam o centro do universo, que era o centro da Terra...”. “Além de ser um elemento de disputa internacional, e atrair um poder em torno de si, o petróleo é um fóssil e isso me interessa”, afirma. ------------------------------- Rio de Janeiro, novembro de 2019 Em queda libre a partir de "Sobre como as coisas caem", de Daisy Xavier Ao esboçar este texto, percebi que ele se endereçava a ti, para que operasse como mais uma das conversas que o antecederam. Não empreguei outra forma. Não objetivo tom íntimo, sequer confessional. Apenas percebi que este gesto se apresentava pois propositadamente escrevo desde o processo de preparação da mostra – não intenciono escrever algo que elucidaria o que pensamos e dialogamos sobre tua exposição. Carrego uma impressão nítida, que me ocorreu agora, e este texto é uma tentativa de provocar mais esta leitura: tratam-se de trabalhos que operam no gerúndio. Ao investigar "Sobre como as coisas caem", tua poética opera neste instante – um durante. Nos volumes tridimensionais de sua instalação e nas formas desenhadas, pintadas, gravadas, fotografadas, reproduzidas e impressas há uma sugestão de movimento em curso, experimentos da ação da força da gravidade. Em movimento, como na geometria do Nu descendo a escada, de Duchamp. Registro de um instante específico, como no Salto no Vazio, de Yves Klein. Nos corpos moles e formas orgânicas de Ernesto Neto. Ou nas várias frações do tempo justapostas pelas múltiplas lentes de Eadweard J. Muybridge. Lá no corpo da matéria reside também o tempo, como nas mãos negativas de Lascaux ou nos audiovisuais de Bas Jan Ader. Num encontro dolorido com a terra firme, Ader especulou com seu próprio corpo relações de fracasso sob a força da gravidade, que apontavam para a terra. Pendulando na ponta de um galho de árvore, tombando num rio, soçobrando sobre um cavalete, provocando a própria queda e deixando-se cair, caindo e caído, o que culmina com seu desaparecimento no mar em 1975. Ao pensar no emaranhado dos volumes em latão que produziste, evocamos a Milha de Fio, de Duchamp, na Primeira Exposição Surrealista. Ao mesmo tempo, comunicam-se e desencontram-se das tuas pesquisas com as redes: são formalmente similares, enquanto malha, mas a inconstância dos volumes pontiguados provocam de maneira singular, diferente das curvas daquela que fizeste nas Cavalariças do Parque Lage, por exemplo. Agora me ocorre pensar contigo sobre outros trabalhos desta constelação. Em seu texto "Da arte de se equilibrar numa ausência", a Luisa Duarte escreve sobre teu trabalho partindo de uma "gramática da fluidez, do trânsito contínuo". Os versos do Paulinho da Viola que ela cita em sua epígrafe fazem vibrar isso no corpo: "A vida não é só isso que se vê / É um pouco mais / Que os olhos não conseguem perceber / As mãos não ousam tocar / E os pés recusam pisar". Por conta de outro trabalho, Ligia Canongia percebeu que tu estás "interessada em criar objetos poéticos que interrogam sobre suas próprias formas, no sentido de colocar em xeque sua estabilidade e suas determinações físicas, [...] está sempre a propor situações em trânsito, quebrando a diferença entre os opostos, e dando ao trabalho de arte uma potência fluida e desconhecida". Foi Agnaldo Farias, mirando outro trabalho seu, também quem percebeu: "O problema do movimento parece ser a pedra de toque da poética de Daisy Xavier." Farias foi preciso ao compreender que isto não é teu objeto de atenção enquanto artista, mas constituinte da própria ação artística. "A começar pela proposição da imagem, que se comporta como um duplo daquele que a observa". A arte dá consistência, espessura às percepções da vida cotidiana. Esta especulação sobre o fracasso e a falha se apresentam não apenas na sua observação de corpos em queda, mas no uso dos materiais nos trabalhos que apresentas em "Sobre Como as Coisas Caem". Corrosivos, ácidos e abrasivos. Bastões de massa de tinta e combustível fóssil intercalam-se em pedaços de papel e telas com as arestas à mostra. Chapas de cobre e metal apresentam-se já corroídas, amassadas, trabalhadas – excedem a moldura. Ali há um punho em riste em ação. Nossas outras conversas sempre foram mais povoadas pela menção a fenômenos naturais, leis da física, arquiteturas vegetais ou formas de aglomeração, coadunação e justaposição presentes em diferentes vegetais, bactérias, colônias, fungos e, sobretudo, insetos. Pergunto-me o porquê de me ver pensando agora teu trabalho a partir de referentes da história da arte ocidental e leituras críticas de teu trabalho – por muito tempo imaginava apenas os insetos, em meio ao mato, vizinhos do teu ateliê. Às vésperas de finalizar este parágrafo, retomo um alfarrábio de física e busco quais seriam as definições sintéticas para as contribuições de Albert Einstein, a quem tu dedicaste um dos desenhos que se encontram no terceiro andar. Pela força de emprego dos materiais, eles me fazem pensar em alguns dos desenhos de Joseph Beuys, artista que incluiu a alquimia, a simbologia da tradição cristã, a literatura, a antropologia e a ciência como recursos intelectuais para seus trabalhos. No texto científico, é possível ler que, segundo a teoria da relatividade, no espaço-tempo, matéria e energia se destacam, "gerando som e fúria: a gravidade". A poesia já está. Ulisses Carrilho

 

 

Entrada actualizada el el 26 dic de 2019

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