Os displays de vinis nas agora quase extintas lojas de discos mostravam paredões com muitas capas e as vezes os próprios discos, os LPs pretos e coloridos. Via aqueles displays como desenhos, como formas, e pensava menos sobre qual a música, qual o som que aqueles discos continham.
Desenhei grupos com discos sem nada gravado e os organizei conforme as qualidades e as informações dos envelopes de papel que protegiam os discos e seus sulcos. Com isso, criei, alguns anos atrás, a série Discos vazios.
Esses trabalhos me levaram ao movimento de retirar todas as outras informações que vem com o LP, a arte das capas e as informações das gravadoras nos envelopes. Queria chegar a ausência do som, desenhando uma imagem do silêncio.
Relacionei capas e discos como um estudo de forma com pontuações de cores e os chamei de “Coleção Albers”, uma referência a Josef Albers e ao seu trabalho que...explora a interação cromática entre quadrados sobrepostos.
Montei coleções de ausências com sobreposições de silêncios. São discos transparentes com algumas cores, sem som; ou, discos com o ruído final, conhecido como the runout groove: uma ranhura em espiral que sinaliza o fim. Não é música, é a sonoridade de uma memória de um som que acabou.
Entrada actualizada el el 21 ene de 2019
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