“Tripa” é a primeira exposição individual do artista representado Pedro Neves na Portas Vilaseca Galeria. Com texto da pesquisadora e educadora Nathalia Grilo, a mostra reúne 11 pinturas em grandes dimensões e inéditas do artista maranhense radicado em Minas Gerais.
Tripa, no cortejo do Boi da Manta*, é o dançarino que veste a máscara de chita e empresta o corpo ao boi. Em diálogo com as culturas ancestrais africanas e ameríndias, o Boi da Manta evoca a energia de um totemismo essencial para a formação do nosso povo e da nossa cultura. Tripa, então, foi o nome escolhido para a exposição proposta por Neves, que apresenta obras com a marca da africanidade nas crenças, costumes, filosofias e modos de vida do povo brasileiro, seja no mundo físico ou espiritual.
O fio condutor de “Tripa” é o conceito de palha e massa elaborado pelo bisavô do artista para descrever os materiais...dos chapéus usados por ele. Neste contexto, o artista desenvolveu obras de “palha e de massa” que representam não só as culturas populares, mas que também despertam questões sobre as feridas da colonização e apontam caminhos para a invenção de novos territórios, seja por meio da dança, dos cantos, de outras filosofias, ou do reencontro com a natureza e a ancestralidade. A relação do artista com as tradições se dá principalmente por meio das vestimentas, que nas suas telas também funcionam como uma construção histórica e não apenas estética.
Segundo Nathalia Grilo, que assina o texto crítico, “esta exposição surge como um exuberante cortejo de palha e massa, uma forma legítima de exibição da arte nas culturas africanas onde opulência e movimento transmutam o corpo negro numa guiança”.
“Tripa” fica em cartaz até 20 de abril e a visitação acontece de terça a sexta-feira, das 11 às 19h; e aos sábados, das 11 às 17h. Entrada gratuita.
Entrada actualizada el el 31 mar de 2022
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