O que me interessa no acto de pintar é, essencialmente, criar as condições para aceder a uma forte sensação de descoberta e deslumbramento.
Como uma criança que vê e apreende algo pela primeira vez, como um astronauta que visita um novo mundo, a pintura pode ser terreno fértil para a descoberta, do mundo e de nós próprios. Promover a surpresa através do acaso, despistar, desconcertar a racionalidade de todos os dias e dar uma chance a que o Ser seja reconhecível, tanto por quem faz a obra, como por quem dela usufrui.
Na busca da compreensão, interpretamos constantemente o mundo para tentar ver sentido nele. Estabelecemos relações entre pessoas, objectos, ideias, afetos e, nesta busca incessante do parentesco das coisas, somos evadidos não raramente por uma estranha e fascinante sensação de familiaridade. As partes conectam-se ao todo e este acolhe-as como um mar que resgata as suas gotas.
Esta exposição na galeria Trema,...pretende ser uma ilustração prática desta demanda. A busca do todo através da combinação das suas partes, numa tentativa de repetir a emoção e o encanto quase infantil de ver algo pela primeira vez refletido numa tela.
Carlos Barão
Entrada actualizada el el 22 may de 2017
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