À primeira vista, o corpo de trabalho que nos é apresentado em "Less Than Objects" parece, em tudo, explorar apenas o domínio da abstracção, mas o que Pedro Matos aqui nos demonstra é que esta abstracção contém, também ela, a representação de algo.
Tecendo uma hábil reflexão com base em elementos menosprezados presentes na realidade material, de origem quer humana quer natural, que nos rodeia, a exploração que o artista faz dos interstícios entre a representação e a abstracção expressa uma articulação intencional entre uma e outra que procura elevar esta última a um estatuto em tudo igual ao da primeira. Ao recriar e transpor elementos matéricos desvalorizados para um espaço de contemplação estética, o artista traduz a qualidade abstracta da textura do acaso, da imperfeição, da degradação e mutação, assim como das correlações existentes entre a acção humana e o efeito da natureza, em propostas que sugerem a sua sublimação...e aceitação.
Trabalhando a depuração destes elementos fronteiros, desta ambiguidade formal e conceptual presente na realidade dos objectos que evidencia, Pedro Matos procura fazer-nos fixar o olhar naquilo que frequentemente, no seu contexto original, é ignorado, realçando a singular e efémera beleza que contém em si.
"Less Than Objects" é, desta forma, uma indagação sobre a natureza de elementos que não chegam a ser objectos completos, mas também sobre as questões intangíveis presentes nos mesmos, sobre a sua condição de veículos condutores de ideias ou agregadores de conteúdos, e, em suma, sobre a contemplação de uma significância poética que transcende a sua aparência física.
Sobre o artista:
Pedro Matos (1989) tem sido reconhecido como um dos mais promissores nomes da arte contemporânea portuguesa.
A base da sua prática artística é uma investigação contínua sobre o efémero e o decadente - ideias que encontra presente tanto na paisagem urbana como na própria natureza, criadas quer através de marcas e gestos inconscientes feitos pela mão humana ou através de fenómenos naturais. Sob a forma de peças meticulosas, o artista tem vindo a explorar a intricada complexidade de texturas abstractas e fragmentos detalhados situados na fronteira entre a abstracção e a representação.
Desde 2010, tem exposto o seu trabalho em exposições individuais e colectivas num crescente número de países.
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Entrada actualizada el el 30 ago de 2016
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