A intervenção de Seidl acontece após a apresentação dos objetos esculpidos em madeira de Musa paradisíaca, produzidos em colaboração com Tomé Coelho. Nos tempos pré-históricos, estes objetos serviam para uma repetição de imagens que reforçava a sua qualidade coletiva. A inscrição do contorno da sua sombra na parede terá sido um gesto iniciático e uma forma de aprendizagem e partilha de conhecimento, no qual um mito narrado por Plínio situa a origem do desenho.
E acontece também depois do momento quimérico do projeto de Rubene Palma Ramos e Jorge das Neves, que exploraram o imaginário mágico do início do cinema, potenciado pela música do grupo coral CRAMOL. Ambas as intervenções se expandem noutros sentidos e remetem-nos para novas possibilidades para além do óptico, intrinsecamente ligado ao racional. A gruta é um lugar escuro que acolhe novas formas de empatia e as pinturas beneficiam da herança deixada pelos trabalhos efémeros que...por lá passaram, assim como aqueles que ali vão passar. Sabemos que os signos ali desenhados e as forças pictóricas ali marcadas serão amplificadas no escuro do interior da gruta, exigindo ao espectador que as edite ativamente, numa experiência háptica completa.
Entrada actualizada el el 12 jun de 2019
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